“Fui traída!”

* Por Frederico Mattos

A dor da traição é única.

Bogart não perdia tempo

Por um simples motivo, você não espera nada de um inimigo ou desafeto. mas do seu amigo, sócio, amor ou familiar você espera muito.

Aí começa o grande drama da traição.

Aquela história cheia de promessas, agrados, pactos explícitos e implícitos desmorona de um momento para o outro. Você é apunhalado. Exatamente pela pessoa que você menos esperava.

Isso me levou a perguntar se nossa motivação em relação às pessoas é apropriada.

Noto que alimentamos uma sensação de reciprocidade nas relações. Esperamos que as pessoas nos tratem da maneira que nós as tratamos. Se temos respeito esperamos respeito. Se temos amor esperamos amor. Se temos sonhos esperamos que os outros compartilhem.

Mas será que todas as pessoas realmente leem da nossa cartilha?

Nós próprios lemos a nossa cartilha?

A noção de reciprocidade é um dos grandes venenos das relações humanas. Projetamos expectativas ideias sobre nós mesmos e os outros. Sem perceber laçamos os outros em nossas armadilhas emocionais.

Criamos uma fábula em torno de um mundo perfeito em que as pessoas não mudam, não se precipitam ou não podem nos surpreender.

No universo amoroso a traição sempre contempla no mínimo três pessoas que estão presas em mundos restritos.

Uma que cria pacto impossíveis (mas que julga possível), outra que promete coisas que não pode cumprir e uma terceira que fantasia que será eleita.

A pessoa traída não consegue perceber o relacionamento tal como é. Já não percebe os detalhes, os sinais, as mudanças, os gestos de insatisfação e os apelos silenciosos do traidor. Vive no modo automático.

Quem trai não consegue notar que seus pensamentos e desejos caminham em outra direção. Tem dificuldade de assumir posturas na vida e direcionar suas ações sem garantias. Prefere sustentar o medo bobo de que não quer machucar ninguém. No final acaba sempre machucando.

A pessoa que entra na história acaba sendo mais uma iludida por achar que com ela tudo será diferente.

Ninguém está realmente sintonizado com a realidade. Cada um está fixado nos seu medos e desejos sobre como gostariam que tudo fosse na vida.

Na tentativa de evitar olhar o peso da mudança e das insatisfações cada um se esconde na sua bolha psicológica alimentando um cenário falsamente esperançoso.

Quando a traição é descoberta vem o choque. No fundo a pessoa traída tem raiva de não ter sentido coragem o suficiente de encarar aquilo que já era óbvio: ela também estava em outro mundo.

Da descoberta para frente o que acontece é uma série de pequenas autossabotagens em que a pessoa entra num mar de autopiedade e raiva. Mais uma vez quer se sentir justiçada e honrada ao fantasiar que a pessoa deveria ter contado tudo e sido correta. O desejo de reciprocidade causando mais problemas.

Seria mais inteligente admitir que nem tudo é como gostaríamos, que não temos privilégios e que a vida segue para todo mundo, inclusive para quem foi traído.

Essa pessoa que se sente humilhada, só não abre mão disso por puro orgulho.

Se a pessoa optar por passar o tempo reivindicando sua posição de superioridade vai demorar muito mais tempo p se reerguer. Mas se assumir que ela não tem nenhuma regalia na vida com certeza terá uma vida próspera pela frente, apesar da dor.

Caminhar, apesar da dor, eis o segredo.

 

‎”No adultério há pelo menos três pessoas que se enganam.” –

Carlos Drummond de Andrade

_____________

banner ciume

 

para venda do livro 2

___________

Avatar fred barba* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos

 

 

 

____________________

Outros artigos de interesse 

Dificuldade em perdoar

“Você não vale nada mas eu gosto de você!”

Como funciona a química de um relacionamento amoroso

Sobre o sofrimento

Machucaram o meu coração

Como voltar a ter confiança depois de tanta desilusão amorosa?

Eu tenho medo de me apaixonar

Todo amor é platônico

Você nunca mais vai amar do mesmo jeito

Amor e histórias inacabadas

Amor profundo

As várias máscaras do amor

O romantismo pode ser a coisa menos romântica do mundo

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

Related posts