Medo de dizer não

Uma coisa me deixa realmente intrigado, como algumas pessoas passam anos de sua vida simplesmente aceitando cada comando, imposição ou contexto que contrarie sua vontade sem se posicionar, queixar, lamentar ou mudar.

É aquele tipo de pessoa que dizemos que não tem boca para nada. Se questionada se quer comer salada ou churrasco ela balança a cabeça enigmática e deixa a decisão na mão dos outros.

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Acaba levando uma vida apática e sempre conduzida pelos demais, chega até a questionar e se inconformar com esse cenário, mas na realidade se cala e suspira sozinha. Curiosamente se questiona porque sua vida é ruim, mas sequer percebe que é resultado de sua escolha em não escolher nada.

Seus sonhos estão mais que esquecidos e seus desejos em último lugar. A tal ponto que perdem a vivacidade na hora de falar e expressar suas vontades.

Se questionadas dirão: “tenho dificuldade em dizer não!”

Quando não dizemos não alguém vai dizer sim e muitas vezes esse sim pode ser invasivo e até abusivo.

Dizer não é definir para o outro até onde vai sua pele, seu espaço pessoal, sua vontade e sua capacidade. AO dizer não para alguém você não está tirando a importância que essa pessoa tem, mas apenas respeitando ela.

 

Situação 1 – Amigo: vamos naquele show imperdível do Wando (quando era vivo)?

Resposta: Putz, tá bom vai, quando é? (odiando o Wando)

Boa resposta: Cara, você sabe que meu gosto musical é diferente do seu, portanto, não faz muito sentido você me chamar para ter uma companhia. Eu não serei uma boa companhia na presença de “meu ia ia, meu io io”

 

Situação 2 – Amigo: sabe que estou duro e sem trabalho, me indica para a empresa que trabalha, por favor!

Resposta: Tá bom. (mesmo sabendo que o amigo tem péssima postura profissional)

Boa resposta: Cara, sabe que adoro você, mas fiquei pensando no seu desempenho nos seus últimos empregos e devo confessar que tenho receio por indicar você. Minha situação na empresa não é de muita intimidade, portanto não me sinto nada confortável nessa situação. Sei que precisa de um trabalho, mas sei também que precisa avançar em muitas coisas mais. Prefiro te ajudar nesse sentido.

 

Situação 3 – Mãe: Filha, sua prima (aquela pouco querida) quer chamar você para uma viagem e eu faço muita questão você vá, afinal ela é meio sozinha e prometi para sua tia que iria com ela. Afinal e tudo que eles fizeram por nós?

Resposta: mãe não acredito nisso! Tá bom, eu mudo minhas férias e vou com ela.

Boa resposta: mãe, você sabe o quanto eu tenho trabalho e esperado minhas férias. Acho que sua relação com a tia é louvável e você deve preservar isso tudo, mas meu tempo livre deve ser decidido por mim. Não quero abrir mão das minhas férias para atender a esse pedido que nem foi feito a mim. Portanto, você que respondeu por mim sem me perguntar terá que dar a resposta negativa para as duas. Eu irei para a praia com quem eu escolher, mesmo que isso pareça egoísta para você.

 

É preciso ter postura para dizer não e certa elegância, afinal ninguém precisa dar patada na hora de recusar algo, mas evidenciar as prioridades. A vontade dos outros não é soberana e não estamos colocando em xeque nosso amor ou consideração ao dizer não. É uma forma de sustentar uma relação saudável e limpa de ruídos, sem mágoas.

Boas alternativas para quem não consegue dizer a palavra não: “se eu prometer isso vou falhar com você”, “sei de antemão que será bem difícil isso acontecer”, “infelizmente será inviável”, “se eu disser que sim estaria mentindo”, “prefiro pensar com mais calma e depois respondo a você”. Tudo é treino. [leia mais]

Curiosamente essa cultura de insistir quando não existe receptividade é tipicamente brasileira. Conheço pessoas que moram fora (principalmente EUA e Europa) que esse tipo de insistência é desrespeitosa. Quando uma negativa é dada não existe chantagem moral para convencer ninguém e muito menos questionar os motivos (legítimos ou não) da recusa.

Parece que somos um pouco mimados em nossos pedidos e forçamos a barra deixando quem é intimado contra parede e sem escolhas. Quando não fazemos o absurdo de pedir uma boa razão para que alguém negue algo. Cansaço, preguiça, falta de vontade não são boas razões? Será que vale a pena carregar um encosto contrariado do que uma boa companhia?

Respeitamos bem pouco a individualidade de alguém nesse tipo de insistência.

E quem atende sempre sem nunca recusar infelizmente alimenta esse ciclo de mimos sem fim. Não será a primeira e nem última vez que acontecerá, portanto, respeite a si mesmo antes de decidir pelo sim.

O não também é uma forma de amor.

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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