O dilema da vida em sociedade

*Por Juliana Baron Pinheiro

 Apesar de eu pregar nos meus textos que a responsabilidade sobre a nossa vida recai apenas sobre nós mesmos e que depende apenas de nós a promoção das mudanças desejadas, sei por experiência própria que se entender com essa responsabilidade não é tarefa fácil. Como sempre, as teorias quando aplicadas à prática não funcionam exatamente conforme planejado. Existem as fraquezas internas, as correrias da vida mundana, as exigências daqueles que nos cercam, a influência das condições sociais. Enfim, diversas variantes que quando somadas podem se tornar verdadeiros empecilhos na arte de exercer o nosso poder de escolha.

Desde o fim da Idade Média, quando o homem passou a se enxergar como o centro do universo e a valorizar a sua racionalidade, vivemos nessa busca insana de sabermos quem somos e do que somos capazes. Do modo de viver, antes coletivo e comunitário, passamos a nos visualizar como indivíduos. Já não dependíamos mais de um status de vida pré-definido, aonde não havia a possibilidade de ultrapassar definições já concebidas de quem éramos. Ser alguém se pressupunha tornar-se alguém.

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Só que ao mesmo tempo em que adquirimos essa “liberdade” de circularmos nas mais variadas classes sociais, fomos inseridos em padronizações e numa sociedade de consumo que constantemente nos torna reféns dela. O capitalismo trouxe consigo os conceitos de lucro e progresso e inseridos nessa nova realidade, passamos a nos cobrar o acúmulo de bens e a constante e incessante produção. Arraigou-se a concepção de que só merece as benesses da vida aquele que faz jus à sua capacidade laboral, aquele que produz!

Assim, produtos desse meio em que vivemos, por vezes envoltos em emaranhados da vida, deparamo-nos com exemplos de pessoas que, aparentemente agarradas apenas às suas próprias forças e condições, conseguiram alcançar a tão sonhada estabilidade financeira e o sucesso pessoal e então exercemos a tortuosa arte da comparação. Porque ele conseguiu e eu não? Como ele conseguiu e eu não? Na busca de responder essas perguntas, pode-se encontrar, por exemplo, milhares de livros que prometem a solução dessas questões. Só que mais uma vez corre-se o risco de cair na massificação do sujeito, na padronização das respostas e no distanciamento da análise da situação individual. Porque além dos possíveis resultados que possam ser obtidos, existe a singularidade e o histórico de cada um. E acredito ser essa uma das principais funções do psicólogo, resgatar de dentro desse indivíduo, aquilo que é só dele e que possa ter sido atropelado ao longo da sua convivência social.

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É preciso desviar um pouco a nossa atenção dessa exigência que se faz acerca do que é “viver bem” e selecionar o modo de vida que nós como indivíduo desejamos. Apesar de vivermos em sociedade e o pensar coletivo ser um exercício importante, não há como se espelhar nesse padrão de vida que tentam nos impor e lutar por aquilo que nem nós mesmos acreditamos. Não estou afirmando que você deva sentar e se conformar com a sua realidade como ela se apresenta. Estou tentando repassar a ideia de que a sua felicidade e bem estar não podem ser depositadas simplesmente em questões materiais, superficiais. Você não precisa ser o proprietário de uma casa própria ou de um automóvel para se sentir feliz e realizado. A satisfação, aquele sentimento sublime de ter alcançado um objetivo, vai além de qualquer bem passível de ser adquirido monetariamente.

O poder de dar uma guinada na sua vida realmente esta somente nas suas mãos, mas repensar os seus objetivos e se eles condizem com as suas verdadeiras vontades, também!

Beijos, Juliana Baron Pinheiro

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Ana Correa | 2012* Juliana Baron Pinheiro: casada, mãe, mulher, filha, irmã, amiga, formada em Direito, aspirante à escritora, blogueira e finalmente, estudante de Psicologia. Descobriu no ano passado, com psicólogos e um processo revelador de coaching, que viveu sua vida inteira num cochilo psíquico. Iniciou uma graduação para compartilhar com os outros a maravilha da autodescoberta e que acabamos buscando aquilo que já somos. Lançou seu blog “Psicologando – Vamos refletir?” (www.blogpsicologando.com), com textos que retratam comportamentos e sua caminhada no curso de Psicologia.