Tabagismo

Uma paciente resolveu parar de fumar durante uma sessão de terapia, como eu disse aqui [clique aqui].

Pedi a ela que me mandasse relatos sobre quais tem sido suas maiores dificuldades na tentativa de parar de fumar. Então esse post será uma reportagem psicológica realista (sem fórmulas mágicas ou empolgação barata) onde vou fazendo meu apontamentos sobre os principais dilemas de parar de fumar sob a ótica da psicologia clínica. Serão acrescentados novas informações nesse post, semana após semana.

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Espero que se torne um processo de conscientização coletiva, portanto, quem quiser deixar seu depoimento (anonimo ou não) sobre seus dilemas e dificuldades na tentativa de parar de fumar (ou de já ter parado) fique a vontade pois vou dar os meus pitacos sempre que possível e o que for interessante eu vou incorporando no corpo do texto.

Será um texto deito a muitas mãos! Nunca fiz isso, espero que seja bom!

Beijos e abraços! Avancemos!

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Relato 1 – 04/04/13 (quinta-feira 9:00)

“mais de 30 horas sem cigarro. acho que estava com tanta nicotina no organismo que só há umas duas horas a abstinência começou a gritar de verdade… minha vontade é a de mandar tudo para os caralhos e sair correndo até a primeira padaria pra comprar meu pacote de XXXX box. sem o cigarro, me senti extremamente insatisfeita depois de ter jantado… parece que faltou o “prato principal”. aliás, preferiria ter fumado um cigarro, unzinho só, do que jantado.

Minha amiga ligou me chamando para sair amanhã, mas sem chance. não vou suportar ver cigarro. sei que uma hora vou ter que passar por essa prova de fogo, mas não tão cedo! seria tentação demais… e eu me conheço. pelo menos em parte, eu me conheço. depois escrevo mais, Fred! prefiro nem ficar muito tempo na frente do computador… parece que a vontade aumenta ainda mais. se é que isso é possível…

ah! já lavei as cortinas, roupas, capas de almofadas, limpei meus livros com todo o carinho… e não estava brincando quando disse que tb preciso lavar os gatos. hahaha. até eles cheiram à nicotina. ô dó!”

Relato 2 05/04/13 (sexta-feira)

Ontem, depois de um compromisso, fiquei vagando pela cidade. Não queria voltar pra casa: por que tudo parece mais difícil quando estamos sós? Nunca tive problemas em ficar só, ou achava que não tinha. Cigarro como companhia, cigarro como muleta. Senti-me realmente triste. Em frente à banca de revistas, quase comprei um maço. “Só um, para caso bater o desespero”… Desisti, porque sabia que fumaria. A quem eu queria enganar? Sim, poderia enganar a todos… menos a mim. Mais um dia, mais uma vitória.

Relato 3 06/04/13 (sábado)

Sábado: apesar da ideia inicial de não sair de casa à noite para evitar a tentação, acabei saindo. “Ju, é seu aniversário e queremos te ver!” Como recusar? E lá fui eu, sem pensar duas vezes. Devo dizer que o bom senso das amigas nesse dia foi lindo: nada de bares, nada de cigarros jogados em cima da mesa. UFA! Não sei se seria tão forte logo na primeira semana, hahahaha (pois, claro, o sofrimento continua. cada dia continua sendo uma vitória…) Fui levada a um restaurante mexicano, me diverti e consegui passar horas sem sequer pensar no cigarro. Fumante que é fumante sabe como isso é (ou: parece ser) difícil. Antes de pensar em parar, mesmo em restaurantes eu “precisava” sair de 15 em 15 minutos para fumar… sim, o nível era bem esse: hardcore. E meus pulmões que sambassem!

Falando em sambar, próximo passo: começar a fazer algum tipo de exercício.

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Tópicos que pretendo tratar aqui (vai depender muito do relato de todos)

– a dificuldade em decidir

– causas

– o drama dos primeiros dias

– efeitos colaterais de parar

– como o ambiente ajuda ou atrapalha

– abstinência

– a maior dificuldade de quem para e volta

 

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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