7 pecados capitais – Gula

* Por José Chadan

GULA –o paladar pervertido

Ao longo desta série onde abordamos os sete pecados capitais, podemos notar que todo pecado é na verdade, um desequilíbrio. O pecado da ira resulta do desequilibro da autopreservação; o pecado da inveja resulta do desequilíbrio da satisfação; o pecado da preguiça é resultado de um desequilíbrio do desejo, de uma carência, pois falta desejo; o pecado da soberba resulta do desequilíbrio da auto-imagem; a avareza, desequilíbrio das necessidades; a luxúria, desequilíbrio dos apetites sexuais.
A gula, por sua vez, resulta do desequilíbrio do paladar. Ora, o paladar é fundamental para uma boa alimentação. É o paladar quem nos dá a sentir os gostos e sabores, que nos revela a fartura e riqueza com que a terra faz brotar os mais diversos alimentos. Cada qual com propriedades muito peculiares e sedutoras.

Fragmento dos Sete Pecados Capitais representando a Luxúria – de Hieronymus Bosch

Fragmento dos Sete Pecados Capitais representando a Luxúria – de Hieronymus Bosch

Entretanto o guloso é aquele que exagera ao alimentar-se. Excedendo aquilo que seria saudável. Come demais, bebe em demasia, não tem limites. Culminando por destruir a própria saúde. A virtude que pode combater o vício da gula, é a temperança. A justa medida de saber o que comer e até que medida comer.
A virtude da temperança é uma virtude não só cristã, mas grega também. Muito antes dos cristãos, Aristóteles já exortava à temperança, dizendo que a virtude está sempre no meio de dois vícios.
À propósito da gula, é necessário ver quais os mecanismos que fazem com que uma pessoa coma sem parar. São muitos os motivos, mas talvez o principal seja a ansiedade. Portanto amigo, se você come demais ou bebe demais, ou se você conhece alguém assim e quer ajudá-lo, não basta dizer à esta pessoa para fazer dieta. É preciso ir mais fundo: tente esquadrinhar e achar o motivo que a faz comer em demasia, que lhe causa desequilíbrio emocional. À partir daí, vocês conseguirão desatar o nó do novelo.

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BÍBLIA SAGRADA. Revista e corrigida por João Ferreira de Almeida. Rio de Janeiro: Imprensa Bíblica Brasileira, 1993.
Ética à Nicômaco – de Aristóteles.

zé rosto e terno (1) * José Chadan: Professor, licenciado em história. Bacharel e mestre em filosofia. Escritor, pensador e autor do livro de poesias intitulado, Barca Melancólica (Fonte Editorial). Lecionou na rede de ensino do Estado de São Paulo durante 4 anos. Apresentou palestras para alunos pré-vestibulandos, cursos de jornalismo e participou de encontros e comunicações sobre filosofia medieval e existencialista. Nas horas vagas gosta de assistir cinema, caminhar pelas ruas da cidade e praticar meditação transcendental. Alguns de seus trabalhos estão publicados no blog: www.pistosdarazao.blogspot.com.