Paixão versus razão

* Por José Chadan

Em nossas vidas, muitas vezes somos confrontados entre agir com a emoção ou agir com a razão. Dependendo da situação em que estamos, amigos e conhecidos nos aconselham a seguir um destes “diretores” – razão ou paixão.

Platão, em sua obra Fedro, elabora uma alegoria para falar dessas duas importantíssimas faculdades do homem e que não poucas vezes, são chamadas a guiá-lo na vida. Ora o homem se deixa guiar pela racionalidade, ora pela passionalidade.

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Segundo Platão, a alma (psiquê) seria como um cocheiro que segura às rédeas de dois cavalos, um branco e outro negro, cada qual puxando a quadriga para um lado.  Um dos cavalos representaria o impulso apolíneo do homem, ou seja, pela razão, sobriedade, serenidade, ao passo que o outro cavalo representaria o impulso dionisíaco, das paixões, desordem, embriaguez. Cabendo, pois, ao cocheiro, decidir por qual dos cavalos deixar-se guiar – pela razão (Apolo) ou pela paixão (Dionísio).

A razão seria a rigor, a faculdade humana capaz de, baseada em dados concretos, avaliar, julgar, planejar, calcular os riscos, ao passo que a faculdade das paixões, seria uma amálgama que se inicia primeiramente com atração e aversão, evoluindo sentimentos mais complexos, como por exemplo, amor e ódio,os maiss variados estados de humor, inveja, ciúmes, compaixão, piedade e etc. porém, deixemos isto para um momento oportuno.

De maneira geral, poderíamos imaginar uma pessoa centrada, calma, com foco, como sendo o cocheiro que se deixa guiar pelo impulso apolíneo, e a pessoa agitada, confusa, com muitos desejos, como sendo o cocheiro que se deixa guiar pelo impulso dionisíaco.

Contudo a pergunta que se coloca é: qual dessas duas faculdades é a mais apta para conduzir o homem na vida? Ou: Qual dos dois cavalos está mais apto a conduzir a carruagem do cocheiro, que somos nós?

Os antigos gregos diziam que era preciso subjugar os impulsos da paixão à sobriedade e ao calculo da razão. Já, na época do romantismo, dizia-se que o melhor seria deixar-se levar pelos des-caminhos das paixões e gozar a vida. E você, por qual dos dois cavalos costuma se deixar guiar por entre as venturas e des-venturas da vida? Pela paixão ou pela razão?

PARA MAIS DETALHES SOBRE A ALEGORIA DO COCHEIRO LEIA:

Fedro – de Platão. Coleção Os Pensadores.

Algum dicionário de mitologia – deus Apolo e deus Dionísio.

* Platão se utiliza destes dois deuses para falar de dois impulsos/faculdades humanas: impulso apolíneo X impulso dionisíaco, razão X paixão.

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zé rosto e terno (1) * José Chadan: Professor, licenciado em história. Bacharel e mestre em filosofia. Escritor, pensador e autor do livro de poesias intitulado, Barca Melancólica (Fonte Editorial). Lecionou na rede de ensino do Estado de São Paulo durante 4 anos. Apresentou palestras para alunos pré-vestibulandos, cursos de jornalismo e participou de encontros e comunicações sobre filosofia medieval e existencialista. Nas horas vagas gosta de assistir cinema, caminhar pelas ruas da cidade e praticar meditação transcendental. Alguns de seus trabalhos estão publicados no blog: www.pistosdarazao.blogspot.com.