Está tudo certo

* Por Juliana Baron 

 No ano passado, aprendi uma espécie de mantra com duas mulheres de luz que admiro demais, a filósofa Dulce Magalhães e a psicóloga Lorena Carvalho, e quando me vejo desgostosa com alguma situação, repito para mim mesma:Está tudo certo, Juliana. Porque nada está errado. Tudo está como deve estar.

Pedra no Caminho

Para deixar as coisas mais claras, perguntei para a Lorena o significado específico do mantra e ela me respondeu que ele “representa a possibilidade de, a cada contratempo, possibilidade de ‘perder’ algo ou surpresa inesperada, apesar do ´planejado´, voltar ao estado de paz onde o coração e a mente confiam. E, se houver algo que eu possa fazer, me permite focar na solução!”.           

Senti vontade de escrever sobre isso quando percebi que estava me culpando porque não consegui ler todos os livros e escrever todos os textos que desejava no mês de janeiro. Antes de vir para a casa de praia, fiz mil planos de colocar alguns projetos em dia e de me dedicar a algumas reflexões que estavam engavetadas por falta de tempo disponível, que era o que eu achava que teria de sobra estando aqui. Porém, sozinha com um filho de quatro anos, entrando no oitavo mês de gravidez, e com as tarefas da casa para fazer, me faltou disposição e inspiração. Quando eu deitava na cama no final do dia, olhava para os livros na escrivaninha e só sentia vontade de assistir a um filme ou a qualquer programa bobo para distrair a cabeça. No início, isso me incomodou bastante, mas então escolhi reconhecer as minhas limitações e repetir para mim mesma, que estava tudo certo. Preciso compreender que estou vivendo outro momento na minha vida, um momento de recolhimento, literalmente. Gerar uma vida demanda muita energia e nos faz usar muito do nosso tempo refletindo sobre essa condição.

Enquanto eu escrevia esse texto, tive uma sessão de mandala pessoal com a Dulce Magalhães e “sem querer”, entramos justamente nesse assunto de que não conseguiremos ler todos os livros que queremos ou visitar todos os lugares que desejamos, mas que tudo bem. Até porque, daqui a um tempo, os interesses mudarão e os itens das nossas listas de hoje não farão mais tanto sentido. O segredo é priorizar e fazer aquilo que damos conta.

Confesso que aceitar que não conseguirei cumprir todas as metas que me proponho, principalmente, aquelas que não têm conexão direta com meus objetivos, como fazer um curso de francês ou de culinária, por exemplo, me traz leveza. Aceitar que não conseguirei fazer todos os cursos que tenho vontade, porque estarei vivendo minha vida sendo mãe ou jogando conversa fora com o marido, me traz uma paz, um senso de realidade e de pé no chão.

Aqui só um alerta. Não vale usar essa filosofia como uma forma de procrastinação ou conformidade. Acredito que repetir para si mesmo que “Está tudo certo” é bacana para não nos punirmos achando que fazemos tudo errado, que as coisas deveriam ser diferentes e blá blá blá. Também, usar esse mantra não contradiz o que eu sempre escrevo sobre levantar a bunda da cadeira e fazer a vida acontecer.

A ideia do “Está tudo certo” é a de fazer como a água que corre no fluxo do rio. Ela não fica questionando ou tentando remover a pedra que encontra pelo seu caminho. Ela simplesmente flui, já que não pode controlar tudo o que acontece a sua volta.

Portanto, esbarrou numa pedra?

Está tudo certo.

Respire e siga.

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Baron* Juliana Baron Pinheiro: uniu seu amor pela escrita com um tom questionador que a acompanha desde que nasceu. Costuma refletir sobre a vida, sobre a maternidade, casamento, escolhas e outros temas do seu cotidiano. Adora um curso de autoconhecimento (em especial, os dias da sua análise), fazer faxina e comprar livros. Formou-se em Direito, mas felizmente nunca precisou atuar na área. Hoje é coach e estuda Psicologia. Escreve também no seu blog “Psicologando – Vamos refletir?” (www.blogpsicologando.com), nos milhares de cadernos que coleciona, no projeto do seu livro, no bloco de notas do seu Iphone, nas cartas para os amigos e em qualquer superfície que cruza o seu caminho.

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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