O que aprendi com a maternidade

* Por Juliana Baron

Juro que venho tentando fugir um pouco do tema “maternidade”, mas no alto das minhas trinta e cinco semanas de gestação (oitavo mês) e depois de ter passado um mês cuidando do meu filho mais velho, full time, está sendo quase impossível escapar do assunto. Então, hoje decidi me render à área da minha vida que mais me ocupou nos últimos tempos e compartilhar com vocês o que aprendi até aqui e o que venho aprendendo com a maternidade.

Acho que a primeira grande lição que a maternidade me trouxe foi a de não me preocupar muito com planos. Sim, como coach preciso trabalhar com metas e objetivos bem definidos, mas também aprendi que obstáculos e desvios podem nos surpreender a cada passada e que tudo bem. Está tudo certo. Quando engravidei do meu primeiro filho, por exemplo, com apenas cinco meses de namoro, logo após me formar em Direito e cursando uma pós graduação em outra cidade, fiquei desesperada. E meus planos? E meus sonhos? Durante muito tempo, achei que ali era o fim da linha. Primeiro, porque precisei trabalhar efetivamente com algo que eu não gostava porque achava que não tinha mais a possibilidade de apenas estudar e segundo, porque depois que meu filho nasceu, passei meses, meio anestesiada e vivendo diariamente para aquele pequeno ser, que sugava todas as minhas energias e ambições. Hoje, compreendo que esse começo é apenas uma fase, que ela é super importante para a relação entre a mãe e o bebê e que o mundo não vai acabar porque você não está, de fato, produzindo. Mas na época, sofri bastante e achei que nunca mais conseguiria realizar meus sonhos.  

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Talvez esse lidar com a mudança de planos seja uma das maiores lições da maternidade, porque a partir do momento em que você é mãe, precisará para sempre, ter milhares de cartas na manga, de lenços umedecidos extras e de explicações para faltar a eventos. Filhos não escolhem dia e hora para ficarem doentes, para ficarem com sono ou manhosos. Você faz mil planos e, de repente, precisa desfazê-los por um nariz cheio de meleca.

Outra grande lição que aprendi com a maternidade foi a de separar o que é meu do que é da relação com o meu filho. Qual mãe nunca chegou cansada do trabalho ou discutiu com o marido e depois ficou sem paciência com o filho? Sei que na teoria é fácil não misturar problemas do trabalho com o casamento ou a relação com o filho e vice versa, mas vale o exercício.

A maternidade também me ensinou que mesmo cansada e assoberbada, jamais posso me abandonar como pessoa. Percebo que é comum, mães se esquecerem de si mesmas em prol da maternidade. Elas acreditam que se dedicarem 100% das suas vidas àquele ato, ele tem mais chances de dar certo. Ledo engano. Somente quando estamos bem conosco e nos amamos, conseguimos dar amor. Aquele amor incondicional, sem chances de cobranças futuras em frases como “Mas eu fiz tudo por você”.

Claro que existem outras grandes lições que a maternidade oferece, como um amadurecimento, independente da sua idade, um empoderamento como mulher, um maior grau de paciência. Ela também lhe ensina o que é doação, desprendimento, incoerência e que ninguém morre de sono e preocupação. Enumerei aqui apenas as maiores lições que eu vivi até hoje como mãe. Apesar de resumidas e escritas de forma leve e fluída, ainda hoje quando preciso crescer diante das situações que a maternidade me apresenta, confesso que sofro um tanto. Estar com uma viagem super aguardada e precisar ficar em casa pela febre de um filho ou precisar ir com o coração na mão, querer soltar um “Puta que Pariu” e precisar segurar para explicar tudo com calma, estar com a alma imersa na tristeza e precisar sentar para brincar de lego, querer cuidar mais de si e não poder porque vem ficando pouco tempo com o filho, não são trocas fáceis, por mais amor que esteja envolvido naquela relação. Mas como eu disse, são mudanças que, no mínimo, nos fazem crescer.

Para finalizar, não posso deixar de citar que o aprendizado mais intenso e mais puro da maternidade para mim, foiconhecer o amor, de verdade. Por mais que você diga que ama os seus pais, que ama o seu marido, que ama o seu emprego, tudo isso vira conversa fiada quando alguém escolhe ser o seu filho. A partir do momento em que você cruza o seu olhar com o daquele ser, o mundo inteiro muda. E durante o passar do tempo, é esse amor que te sustenta diante de todas as incompreensões e dificuldades. É ele quem faz todo o resto valer a pena.

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Baron* Juliana Baron Pinheiro: uniu seu amor pela escrita com um tom questionador que a acompanha desde que nasceu. Costuma refletir sobre a vida, sobre a maternidade, casamento, escolhas e outros temas do seu cotidiano. Adora um curso de autoconhecimento (em especial, os dias da sua análise), fazer faxina e comprar livros. Formou-se em Direito, mas felizmente nunca precisou atuar na área. Hoje é coach e estuda Psicologia. Escreve também no seu blog “Psicologando – Vamos refletir?” (www.blogpsicologando.com), nos milhares de cadernos que coleciona, no projeto do seu livro, no bloco de notas do seu Iphone, nas cartas para os amigos e em qualquer superfície que cruza o seu caminho.

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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