Finja até que você se torne (autoaceitação) – parte 3

* Por Juliana Cordeiro

Durante muitos (muitos mesmo, quase a vida toda) eu briguei com a minha bunda. Perfeccionista e vaidosa que sou, queria uma bunda de revista e sem fotoshop. A la Feiticeira lembram? Ver aquela bunda me deixava bem para baixo.

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Eu era muito rígida com a minha aparência e julgava a minha bunda feia a ponto de não querer vê-la. Me incomodava a celulite e as estrias que apareceram no início da adolescência. Me lembro de ter feito um tratamento bem doloroso para amenizar as estrias e que de nada adiantou.

Escondia a minha bunda de mim e se possível, do mundo. Na adolescência, eu até usava biquinis pequenos mas depois de certo tempo, achei que usando biquinis maiores, o meu incomodo diminuiria. Mas ele estava ali. Ignora-lo jamais o fez desaparecer.

Assinava revistas de boa forma para conhecer os exercícios milagrosos, mas eles não são milagrosos. E olha que eu me exercito há mais de 20 anos.

Um dia, depois de muitas conversas com o Fred [nota do autor do blog: discorda dessas percepções bundais] eu decidi olhar para a minha bunda e mais que olhar, decidi aceita-la em todo seu formato e imperfeição. Me lembro que no dia em que fiz isso, até achei que ela era bonitinha. Voltei a usar biquinis menores, expondo-a novamente. No começo com muito, muito desconforto e com o passar do tempo, fui me habituando e desenvolvendo amor. Acho mesmo que a solução pra todo nosso desconforto é a compaixão.

Afinal, eu não estava disposta a mudar radicalmente a minha alimentação, sacrificando o prazer da minha pizza ou do brigadeiro e tampouco eu conseguiria passar horas diárias na academia para deixa-la mais firme ou mais redonda.
Cuidado com os objetivos que você traça, eles precisam ser atingíveis.

O dia em que eu entendi que tudo bem a minha bunda não ser o que eu queria ou havia imaginado, ufa!! Que alívio. Ela é digna de acolhimento. Aconselho que as suas imperfeições sejam abraçadas, não descartadas.

Ah, antes que alguém questione, aceitação não é sinônimo de conformismo. É simplesmente parar de querer modificar algo que não está em seu alcance. É sábio gastar energia só com aquilo que sai do lugar, o que está empacado fica ali e independe da sua capacidade e determinação para fazê-lo mover-se. O desafio está em separar estas dias coisas e entender quanto de energia você está disposta a colocar na mudança e quanto irá te custar em termos de tempo, dinheiro, desgaste e que resultados você objetivamente atingirá.

Talvez mais interessante seja o percurso de aprendizados no meio do caminho do que o resultado em si.

Gaste mais tempo com o que te faz feliz. Isso sim tem retorno garantido.

E o que tudo isso tem a ver com a roupa que você veste??? Tudo! As roupas são apenas peças de roupa, sem um corpo e uma mente saudáveis para vesti-las, são apenas pedaços de pano sem vida.

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IMG_6033*Juliana Cordeiro – Garota urbana, nascida e criada em São Paulo, viajante nata (se é que isto é possível), sonhadora incansável, Consultora de Moda desde pequena, professora, marqueteira, apreciadora do belo em todas as suas formas. Come pizza toda semana, é louca por brigadeiro. Escreve no www.semespartilhos.com.br No Facebook [clique aqui para curtir]