Carta para uma suicida – dia #7 [relacionamentos amorosos]

Sobre relacionamentos amorosos

*Frederico Mattos, psicólogo clínico e escritor

É estranho ser reconhecido como uma autoridade no tema relacionamentos amorosos, afinal, até pouco tempo eu fui um verdadeiro desastre em matéria de me relacionar com alguém que eu amava.

Comecei qualquer interação amorosa bem tarde, aos quase 23 anos. Até ali eu tinha uma lista de pelo menos cinco garotas com quem me relacionei intensamente. Elas nunca souberam dessa relação, sendo bem honesto, dó era a palavra que tinham quando pensavam em mim. Esse platonismo todo me ajudou a entender como podemos delirar a respeito de uma pessoa e chamar isso de amor.

Meu primeiro namoro tardio terminou por minha dificuldade em me expressar com clareza e abertura genuína. O segundo, pretensamente mais adulto foi um poço de insegurança e reatividade de minha parte. Morar junto foi uma experiência rica, mas problemática, me revelei um mau administrador da rotina de casa. Falhei.

Passei algum tempo sozinho, vivendo histórias bem pontuais na tentativa de entender quem eu era e o que queria.

Aprendi que não importa o quanto eu amasse ou fosse amado se não cuidasse de minhas limitações emocionais todo o ciclo problemático dos relacionamentos antigos se repetiria. Meu prazo era sempre de quatro anos, e em três eu já morava prenúncios da falência amorosa. Por volta do último ano eu já sabia que estava irritado por não expressar meus desejos e sentimentos, agindo de modo passivo-agressivo, cada vez mais distante emocionalmente e exigente com a parceira até um pouco dela se sentir esganada e pedir arrego.

Com minha esposa estamos tendo mais sobrevida, quase cinco anos juntos, e os desafios permanecem. Com ela parece que as coisas fluem mais fácil e isso me trouxe uma revelação. Se sendo fluido ainda temos muitos desafios o que dirá das relações onde tudo já começa complicado.

A capacidade das pessoas desaguarem todas as suas insuficiências e frustrações em cima do parceiro é enorme. Se a carreira ou o trabalho não vão bem a culpa é do outro. Se o bolso, família e o sexo degringolam é a pessoa amada a responsável. Ao invés de partilhar as dificuldades e traçar uma rota de saída conjuntamente as pessoas colocam o parceiro como violão.

Essa falta de parceria diante das limitações sistêmicas (ambos se influenciam, limitam ou ampliam) do casal é o tiro de misericórdia de casais que podiam ter sido mas não foram. Se você não se coloca ao lado da pessoa tratando as dificuldades de ambos como caminhos de crescimento a relação se torna uma guerra é uma acusação sem fim.

Tomar o medo do outro pela mão com carinho, hoje me parece o melhor meio de sustentar uma relação…

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1. Sobre o suicídio
2. Sobre o sofrimento
3. Sobre a vida
4. Sobre o amor
5. Sobre a família
6. Sobre solidão

7. Sobre relacionamentos amorosos
8. Sobre ser filho
9. Sobre ser mãe
10. Sobre ser pai
11. Sobre a morte
12. Sobre Deus
13. Sobre doenças
14. Sobre dinheiro
15. Sobre desejo

16. Sobre emoções

17. Sobre motivação
18. Sobre estar perdido
19. Sobre alternativas
20. Sobre dever e obrigações
21. Sobre amizades
22. Sobre fé
23. Sobre traumas
24. Sobre remédios psiquiátricos
25. Sobre dependência emocional
26. Sobre beleza
27. Sobre Justiça
28. Sobre merecimento
29. Sobre perdão
30. Sobre recomeço

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094