Carta para uma suicida – dia #20 [sobre dever]

Sobre dever

*Por Frederico Mattos

Parece que tem uma única coisa que tira a espontânea vontade de fazer alguma coisa gostosa, ser obrigado a fazê-la.

A frase que me mata: “você deveria…”.

Não gente, não deveria, faz porque quer, porque tem alguma emoção envolvida, porque paga as contas, mas dever de verdade não tem.

Todo dever, com exceção da escravidão, é uma escolha. É verdade que pode ser uma escolha estranha, sem recompensas claras, até abusiva, mas não há nada que seja um real dever.

Pagar as contas, por exemplos, poderia ser visto como um dever, mas podemos escolher quais contas pagar, quais diminuir, quais luxos cortar e até, em últimas instância abrir mão de quase tudo, reduzir a vida à zero, buscar alguma comunidade no meio da floresta e viver do que a natureza dá.

“Poxa, Fred, mas aí não né!”

Pois é, as escolhas tem uma implicação prática, ela anuncia sempre um tipo de privilégio ao qual podemos atender ou não.

Uma profissional que trabalha com um chefe abusivo, ele não é obrigada a seguir naquela relação. Com um pouco de suporte (que a comunidade em torno dela deveria criar) ela pode ter uma rota de fuga. Mas é difícil sair, porque há um tipo de ganho secreto, estranho, até auto-corrosivo ao qual atendemos, mesmo que seja tóxico para nós.

Não há uma obrigação absoluta, há o preço que se paga. Se você quer deixar de se sentir sobrecarregado de deveres é preciso então definir que preço que quer pagar para não carregar pesos inúteis.

As vezes para abrir mão de um peso precisamos lidar com o julgamento (tacanha é verdade) dos outros, com a incompreensão (daqueles que nunca se esforçam para compreender nada), com a perda de status (que alimentamos para fazer brilhar os olhos de pessoas que não nos influenciam de verdade), enfim, as vezes sustentamos o inferno para parecer bonito na foto.

Quando você se queixar de que algo está pesado sempre lembre que há alternativa, mas que costuma ser caro pagar, ainda que se queira pagar com a vida…

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26. Sobre beleza
27. Sobre Justiça
28. Sobre merecimento
29. Sobre perdão
30. Sobre recomeço

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094