* Por Frederico Mattos

Quando nos relacionamos com as pessoas é muito natural buscar delas o aconchego e retribuir o amor com carinho e consideração. Mas qual seria o limite de conviver com alguém que age contra si mesmo e parece descer ladeira abaixo sem nenhuma intenção de parar de rolar?

De modo geral sou bem resistente a interferir à revelia dos outros, só faço algo quando no último momento de agonia a pessoa recorre a mim, pois respeito muito o livre-arbítrio alheio e sua autonomia.

Em certas ocasiões no entanto, costumo agir com seriedade e intensidade para chacoalhar as estruturas. Sei que nem sempre estamos lúcidos para tomar decisões e alguém de fora pode olhar que o caminho adiante é perigoso. Nesse sentido é preciso ter cuidado, pois muitas pessoas com personalidades carentes misturadas com desejo de salvar o outro podem achar que tudo é sinal de perigo. Eu falo de perigo real, contra a vida e estruturas profundas da existência, e não aqueles escorregões onde todos se recuperam.

Certa vez uma pessoa estava prestes a ir atrás de outra que a havia deixado e tratado com frieza, eu sabia que haviam coisas mais dolorosas naquele rompimento. Nesse momento eu intervi de uma maneira bruta e amorosa impedindo que ela fosse atrás da outra.

É possível um amor bruto, daquele que não ataca a pessoa, mas sua visão distorcida das coisas. É preciso muito equilíbrio e bom senso para agir assim, pois a maioria das pessoas se agarra no proprio orgulho ou na raiva para reagir. É como tomar uma faca da mão de uma criança que chora para ter o brinquedo de volta.

Outra vez recomendei que uma pessoa interviesse e internasse seu filho que estava seguindo caminhos bem perigosos para sua sanidade mental.

Essa ferocidade saudável é daquelas cortantes que deixam a pessoa atordoada e sem saber de onde veio o golpe, mas como resultado final o mais importante pôde ser preservado no meio do caos.

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor do livro “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos