5 DIRETORES CONTEMPORANEOS QUE FAZEM O CINEMA MUDAR A NOSSA VIDA

* Por Eduardo Benesi

Acompanhar o cinema trilhando o caminho de um diretor é como embarcar em um casamento com um artista. Nele, você vai descobrir manias, obsessões, gostos pessoais e fetiches.  Dessa relação nascerá a identificação, o apego e até algumas frustrações. Você vai aprender a entender qual a mensagem pessoal que o cinema traz em seus subtextos e também apropriar-se de alguns ensinamentos, cores e olhares que poderá adotar no seu mundo particular. Esses cinco diretores contemporâneos possuem marcas estilísticas muito autorais e talvez sejam boas chaves para quem quer se aprofundar no cinema enquanto arte. Os “filmes-chave” aqui citados, não necessariamente são os melhores de cada um deles, mas são obras que possuem um bom número de marcas visíveis, para que você possa começar a entendê-los, caso não os conheça a fundo.

Pedro Almodóvar: seus filmes possuem o exagero do canceriano. São dramalhões divertidos e altamente sensuais. É um diretor de cores fortes e mulheres fortes, rasgadas, que peitam as regras. Pedro sabe como ninguém chacoalhar os conceitos de gênero. É chanchado e ao mesmo tempo inovador. Almodóvar possui temperamento e temperatura, suas cenas ardem, encostam, provocam.

Almodóvar nos ensina toda a elegância que existe em sermos brega.  Filme chave: “ Tudo sobre minha mãe ”.

Pedro-Almodovar

Wes Anderson: se você gostaria de ser mais moderno sem ser pedante. Wes é um caminho obrigatório. É um diretor que deixa a porta do mundo hipster encostada. Existe uma perfeição no seu jeito cinema de fazer. Ângulos retos, cores retro, personagens deliciosamente caricatos. Wes possui um mundo de regras próprias e autorais e consegue ir além da superficialidade. Não é uma apena uma embalagem criativa, é um produto cheio de ironias e escolhas nada acidentais.

Wes nos ensina que os hipsters também merecem apertos de bochecha. Filme chave: Moonrise Kingdom

Woddy Allen: é um diretor tão presente nos cinemas, que às vezes não nos dá tempo para sentirmos a sua falta. Woddy é sistemático, faz um filme por ano e não parece se preocupar com constância. É repetitivo e prova com isso que insistir na mesma fórmula nem sempre é enjoativo. Seus filmes tocam sempre em temas que são, a bem da verdade, obcessões pessoais do próprio diretor. Niilismo, acaso, ateísmo e junto disso, historias fofas com mulheres altamente interessantes e homens tão eruditos quanto neuróticos. Seus filmes são justamente isso: irônicos, ranzinzas e ao mesmo tempo encantadores, mágicos com resoluções do acaso que às vezes beiram ao absurdo.

Woody Allen nos ensina que Deus pode existir e ser de extrema importância inclusive pros ateus e que tudo pode dar certo na vida, mesmo para os que não rezam. Filme chave: Tudo pode dar certo.

Quentin Tarantino: o sangue geralmente é algo desagradável de se ver jorrado por ai, a não ser que você esteja assistindo a um gênero previsto, como o terror. Mas Tarantino faz disso sua marca própria. Seus cenários podem começar com qualquer cor predominante, mas eles sempre terminam com um vermelho que se alastra e toma conta da fotografia. Suas cenas de violência possuem um humor non-sense e se exageram como forma de sarcasmo. Tarantino gosta do mal-passado e de mulheres perigosas com os pés de fora, tomando uma marguerita. Em seus filmes, elas possuem papeis fortes, substanciais e ariscos. Tarantino também sabe ser bom na trilha, no roteiro e nos diálogos, lotados de cultura pop.

Tarantino nos ensina que a vingança é um prato que pode ser servido quente também.  Filme chave: Kill Bill (1 e 2).

Tim Burton : protagonistas com dores de infância, solitários e pálidos. Essa é quase uma premissa obrigatória nos enredos de Tim Burton. Suas cores talvez sejam as mais manjadas de todas as marcas fotográficas do cinema. Personagens de aspecto gótico e cenários que capricham em tons mais obscuros como o vermelho, o cinza, o roxo ou o vinho. Trilhas lúdicas, geralmente instrumentais. O tema da morte sempre em evidência.  Tim gosta de trabalhar geralmente com os mesmos atores, por isso Johnny Depp e Helena Boham Carter costumam ser pecas garantidas a cada novo longa, sempre dando vida a personagens excêntricos e caricatos.

Burton nos ensina a lidar com a morte e a solidão com um olhar menos medroso e mais lúcido. Filme chave: Edward mãos de tesoura

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benesi* EDUARDO BENESI é Pedagogo, consultor cultural, formou-se também no teatro para atuar escrevendo. É um hispster inconfidente que carrega bandejas com cebolas gigantes para viajar o mundo, e o seu rodizio é de terça-feira. Pede tudo sabor queijo, da abraço demorado e tem um site em que coleciona pessoas e instantes: o www.favoritei.com.br

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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