Brigas são inevitáveis no relacionamento?

* Por Frederico Mattos

Acho muito curioso quando me perguntam se as brigas são parte inevitável da saúde emocional do casal. Existe uma diferença entre discutir e brigar. Discutir tem um objetivo em comum de diluir pontos divergentes e alinhar o propósito do casal, a briga tem o propósito de atacar, ferir a vulnerabilidade do outro, elas são compostas de raiva e resultam em um distanciamento improdutivo. Temos a mania de achar que brigas são inevitáveis, não são, mas para isso é possível tratar temas delicados, que envolvem temperaturas emocionais onde a raiva surge mas sem agressão, mas vem seguida de acolhimento, espaço para respirar, respeito com a dor por trás da raiva.

Os motivos pelo quais casais brigam são infinitos, mas as temáticas recorrentes costumam ser por desejos sexuais incompatíveis, questões financeiras mal resolvidas, diferenças no trato com a família, divergências de pontos de vista (valores diferentes para a vida), educação dos filhos divergentes, enfim, eles não tem pontos de vistas, valores e gostos compatíveis. Precisam sentar e deixar claro quais são os aspectos negociáveis e inegociáveis na relação. Existem os que conseguem ceder e o que não conseguem, pois só assim vão saber se a convivência cotidiana é possível.

A briga sempre atrapalha se tem por princípio uma dominação embutida ou a tentativa de silenciar o parceiro. Seja uma vez ao ano ou toda a semana se o objetivo é calar o outro a discussão nunca ajuda.

Brigas (como expressão de violência e submissão) em excesso não são motivos para a separação, mas já são a própria separação acontecendo.

Existem aqueles casais que ficam dias sem se falar, e aí não se trata de estar certo e errado, mas do que está alimentando uma conexão profunda ou um afastamento sutil do casal. Esse silêncio é resultado de uma queda de braço para definir quem é o mais fraco na relação (porque cedeu primeiro).

No resultado de longo prazo pode parecer recompensador para quem “ganhou” a disputa, mas a dinâmica do casal fica prejudicada pelo desnível sequencial.

Existem também aqueles que ficam calados e mau humorados (para poupar a relação de brigas) e isso quer dizer que eles não tem um real espaço para abrir o que pensam sem ser censurado ou condenado pelo parceiro. O casal, portanto, precisa criar um espaço para conversas difíceis sem atacar ativa ou passivamente.

Há também os casais que não brigam nunca, isso seria saudável desde que isso signifique que há espaço para conversas difíceis em clima saudável, onde possam discordar. Mas se por trás do aparente não-conflito está sufocado e não dito então não é a presença ou ausência de divergências que define o bem-estar da relação.

Brigas não são necessárias numa relação, mas negociações de diferenças sim.

Para saber mais:

 

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. Oferece treinamentos online de “Como salvar seu relacionamento” e “Como decifrar pessoas” No Youtube seu canal é o SOBRE A VIDA [clique aqui] No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094