“Tenho preguiça de paquerar…”

*Por Frederico Mattos

Já ouvi essa frase de muitas mulheres quando ficam solteiras e querem retomar a vida social e afetiva. Parece que existe uma atitude um pouco predatória em relação a quem quer se envolver emocionalmente num relacionamento sério.

Mas o que está realmente por trás desta “preguiça” de paquerar? Por que parece doloroso retomar o processo de descobrir novas pessoas do zero?

Normalmente, quem sai de um namoro longo tinha a vida bem estruturada e relativamente previsível, ou seja, os passos estava pré-configurado e nenhuma grande reviravolta estava à espreita.

A vida de solteiro é um pouco mais inusitada e cheia de descaminhos. A pessoa sabe como uma noite vai começar, mas nem sempre como será o final.

Aquilo que as pessoas chamam de preguiça na verdade é o medo do desconhecido, dos desapontamentos amorosos e das próprias fantasias catastróficas de sofrimento e mal-estar. Ao se imaginarem paquerando começam a fantasiar todos os desdobramentos entre a fase inicial até o namoro sério. É como se já quisessem tudo pronto, sem muito esforço e sem perder o controle de nada.

É verdade, entrar num relacionamento dá trabalho e para quem acabou de sair de um  é quase um abismo entre o estranhamento inicial e a plena intimidade. É preciso passar pela fase de descobrir o jeito so outro, ver se o sexo “bate”, se as vidas se alinham, se as rotinas se adequam, se as famílias são parceiras (ou oponentes), se os sonhos se ajustam. Eu poderia citar uma centena de pequenas adaptações com as quais uma pessoa precisa enfrentar para entrar numa vida à dois.

Em geral, após o término de uma relação é como se a pessoa saísse de uma maratona onde os acordos estavam relativamente feitos para fazer fluir aquela história. Ela quase criou um país com língua própria para deixar tudo bem funcional. Com o fim da relação parece que essa quebra desmorona como uma sequência de dominós. Começar tudo de novo é uma tarefa gigantesca e que demanda todo o cuidado e meticulosidade.

O desafio parece ainda maior para pessoas mais obsessivas que não toleram falhas, descompassos e querem tudo perfeito do começo ao fim. Para estas, a preguiça é proporcionalmente maior, afinal parece ser infinita ao “pleno controle”

Então, se você está com essa moleza social pense em três coisas:

  1. Se é o momento de entrar em outra maratona;
  2. Se quiser mesmo, olhe o cenário passo-a-passo;
  3. Abra espaço para contratempos, aumento e perda de energia pessoal. Afinal você não pode depender do movimento dos outros para movimentar sua vida.

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui] e Mães que amam (demais livros e cursos [aqui]). Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas pratica meditação, lava pratos, se aconchega nos braços do seu amor, Juliana e é pai de Nina.

Treinamentos online de “Como “salvar” seu relacionamento” e “Psicologia para não Psicólogos”

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094