Cegueira emocional

Como podemos permanecer cegos emocionais

*Por Frederico Mattos

Acho sempre intrigante quando alguém relata qualquer sentimento que nutre em relação à outra pessoa, seja agradável ou detestável. Ela nunca se dá conta de que está falando de uma imagem interna, muito mais do que de uma pessoa.

É bem verdade que nossas fantasias sobre os outros repousam sobre lascas do que uma outra pessoa expressa. Com exceção de pessoas com personalidades mais comprometidas). De modo geral um sentimento que temos sobre os outro revela a nós mesmos como contraponto daquela pessoa.

Lembrei de ter me desapontado com uma pessoa com a qual trabalhei muitos anos atrás. Quando fui fazer uma análise póstuma sobre minhas magoas percebi que havia muito de mim no desapontamento. Ao lado dela eu criei uma imagem grandiloquente, intocável, quase inquestionável de um Fred que eu gostava de ver. Ela alimentava essa percepção, mas só o fazia com meu consentimento. Eu deixava ela me enganar sobre mim. O problema é que quando me vi frágil, com medo e cheio de impasses próprios da vida as promessas que ela me fez não se cumpriram é isso me causou muita raiva. Mas eram promessas impossíveis de serem cumpridas por qualquer ser humano.

Quando me responsabilizei por minha parte na história e vi que ainda nutria a esperança de ser imbatível pude seguir em frente. Não bastava perdoá-la sem antes entender que, de algum modo, eu ainda era o mesmo que gostaria de acreditar em mentiras (grandiosas) sobre mim mesmo.

Hoje, se alguém tenta me reassegurar coisas que são impossíveis de garantir eu olho com carinho pela boa vontade do outro de me consolar, mas não embarco. A noção da minha falibilidade me torna menos propenso a idealizar os outros e a mim mesmo.

A raiva, o amor, o medo, a tristeza em relação à alguém podem ser grandes professores sobre o que eu sou. Só se olharmos com os olhos de dentro, sem acreditar nas projeções dos outros como coisas sólidas é que enxergaremos o que acontece de verdade. Ao parar de brigar com os outros “reais” e olhar para o nosso lugar de contraponto podemos ter uma perspectiva mais rica e menos iludida sobre as relações humanas em geral.

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094