Ele é bom, querido, atencioso, mas não tem pegada

* Por Frederico Mattos, psicólogo clínico

Muitas mulheres já se queixaram no consultório que encontram o cara bacana, estável, querido, parceiro, de bom coração, mas não tem muita fibra para se posicionar em momentos de crise de forma raçuda e destemida. Mesmo na cama, às vezes são um pouco passivos e até desajeitados imaginando que o sexo acontece sem uma boa dose de dedicação e empenho.

Lily Allen, cantora britânica, compôs a música “Not Fair” na qual confessa exatamente esse sentimento de decepção que rola na cama. Mas isso tem uma explicação que talvez pareça um pouco genérica e nem sempre aplicada em todos os casos.

Garotos de bom coração, provavelmente passaram por situações na vida que o colocaram em contato com temas de maior sensibilidade humana que aqueles que parecem pensar somente em si mesmos. Talvez tenham nascido em lares onde as mulheres ou os temas humanos eram correntes, ou que a busca por um comportamento mais ajustado era importante ou ainda sofreram algum tipo de desajuste social por causa do comportamento e aparência. Muitos deles adotaram comportamentos mais aprumados e regrados e talvez tenham feito uma manobra exagerada para lidar com seus desejos e instintos. Passam a recusar sua força e intensidade como sinal de desrespeito, agressividade e imaturidade e se tornaram meninos precoces e conscienciosos.

Aqueles que não se importavam muito com as sensibilidades alheias passaram pela vida metendo o pé na porta e até por isso conquistando mais espaço social e psicológico entre os amigos e garotas. Sua experiências sexuais mais intensas em muitos casos refletia sua preocupação consigo mesmos e se ficavam atentos pelo gozo feminino era só para reafirmar o quanto eram bons. Sua experiências sexuais ganhavam em frequência e qualidade pelo desprendimento habitual.

Já o bom garoto por temer magoar, se arriscar ou romper a casca de regras exageradas pode ter se mantido pacato e até retraído e com isso menos a vontade com seu corpo, apenas reforçando seus temores pessoais. Até por essa insegurança se fortaleceram seu senso de bom trato pessoal numa tentativa de jogar com as armas que tem. O problema é que a gentileza desacompanhada de vivacidade e intensidade pode ser tão incompleta quanto o tipo de cara cheio de vida e totalmente egocêntrico.

Para o garoto bom existe uma estrada a ser percorrida na busca de si mesmo e de um estilo de vida que inclua amor e tesão, paz e ferocidade saudável, afetividade e instinto.
Ao ler esse texto o bom garoto dirá que defendo o egocentrismo para ter sucesso na vida ou com as garotas, longe disso. Se ele aprender a tomar a vida em suas mãos será o tipo de cara incrível e irresistível, mas enquanto renegar a si mesmo no posto do garoto perfeito e pálido padecerá de relacionamentos recheados de namoradas gratas pela sua bondade, mas insatisfeitas.

O céu com um pouco de calor é bem vindo, e beijo na boca também salva almas.

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui] e Mães que amam (demais livros e cursos [aqui]). Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas pratica meditação, lava pratos, se aconchega nos braços do seu amor, Juliana e é pai de Nina.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094