Relacionamentos doentios

A gente gosta de pensar que Romeu e Julieta se amavam, mas você confiaria num casal que se mata porque imaginou que o outro tinha morrido? Enquanto estavam se debatendo contra os pais “perversos” toda a raiva do casal se dirigia para fora, no limite da história eles se suicidam por “amor”. Caso tivessem sobrevivido eles seriam aqueles vizinhos malucos que brigam todas as noites por conta do copo fora do lugar. Não teria sido bonito ver Romeu e Julieta “felizes” para sempre.

Sim, bem "normal" isso...

Não é incomum ver pessoas que tiveram alguma bagagem razoavelmente tranquila no seu passado amoroso se depararem em situações atuais totalmente caóticas. Recebo muitos recados que dizem: “não sei o que houve, Fred, sempre fui tão pacífica, mas ele me tira do sério e tenho vontade de esmurrar a boca do sujeito quando fala alguma coisa” ou algo assim “não costumo entrar em brigas sem sentido, mas quando ela me provoca eu tico transtornado, impaciente e penso muitas besteiras”
Isolados tem um comportamento tranquilo e aparentemente afável, mas conectados parecem explosivos. [jogos de poder]

Na área de psicopatologia poderíamos chamar esse fenômeno de Folie à deux (“Loucura a dois” em francês, pronuncia-se: foli-à-dâ) onde a conexão de duas personalidades (aparentemente) não patológicas se tornam doentias quando juntas.

Imagine que existe um traço forte de carência, raiva contida e desejo de dominação que você não se deu conta, está lá no fundo do baú, só esperando o momento de aparecer. [vídeo sobre sombra]

Eis que surge aquela pessoa que parece completar seus sonhos encantados, tudo parece lindo e perfeito e realmente é, para a sua patologia latente. Ela começa a ser descascada como uma cebola e sem ao menos você se dar conta está chorando e não sabe o porquê. De repente você acha que aquela pessoa é TUDO na sua vida, não VIVERIA sem ela em hipótese NENHUMA. Todas as suas ações e seus pensamentos são dedicados à ela e você passa a ter comportamentos radicais que nunca se viu antes. Se torna uma fanática religiosa pela pessoa.

Do outro lado a pessoa mais dominadora vai impondo um ritmo acelerado em cada passo dado e sem perceber estar fazendo juras de amor, mas ao custo do afastamento de todo o resto do mundo. [leia mais] Aquela dependência em que os dois se tornam estranhamente um, começa a dar sinais de alarme. Bebem mais do que gostariam, começam a discutir por conta de ciúmes irracionais, gritam quando não fazem sexo, suplicam juras de amor constantes e não conseguem perceber que algo está errado. [leia mais]

Os amigos tentam dar um toque, mas passam a ser vistos pelo casal como inimigos mortais, a família perde o senso de importância e se tornam intrusos para qualquer palpite. [leia mais]

Cada dia mais aquele casal se afunda num egocentrismo à dois, é a loucura se instalando a ponto que gritos e pontapés começam a ser ocorrências comuns. As vezes engravidam, tem filhos e começam a envolver as crianças em cada ação destrutiva. Quando se separam (apesar de ficar num vai-e-volta) chantageiam com os filhos, manipulam os interesses financeiros e criam muita confusão justificados pela ideia de justiça e igualdade. Ali só existe vontade de poder e um falso-amor machucado.

Eles não conseguem perceber isso até tomarem um pouco de distância um do outro (coisa rara) e notar que estavam completamente possuídos.

São nocivas uma para a outra como a cryptonita para o super-homem. Basta aumentar a distância entre elas e aquela continua sendo uma pedra bonita e inofensiva e aquele um homem com poderes especiais. Separados sobrevivem bem e são pessoas incríveis (nem sempre), juntos são tóxicos. [relacionamentos tóxicos leia mais]

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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