10 formas enganosas de ajudar os outros

* Por Frederico Mattos, psicólogo clínico

Ajudar os outros é uma arte muito divulgada e pouco aplicada, pelo menos de modo realmente eficaz. Note os efeitos de sua ação: se a pessoa fica culpada ou com mais um problema, pode ser que você tenha aumentado a pressão ao invés de ajudar. Listo aqui alguns pontos da nossa forma habitual de ajudar.

Não, talvez você não seja uma Madre Teresa

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1- Aconselhar: “você deveria…”

Conselho parece sempre lindo e bem ajustado, mas parte de uma suposta condição de alguém que já sabe o que é certo. O problema é que cria a impressão de hierarquia entre quem aconselha e quem é aconselhado, justamente por causa dessa imposição de perfeição.

2- Competir pelo sofrimento: “comigo foi até pior, nem imagina…”

Parece que contar um pouco de sua história faria a pessoa achar que é menos azarada, mas isso gera uma inferioridade sobre o sofrimento do outro, como se fosse possível haver um ranking de desgraça. Isto no fundo quer subestimar a dor do outro e reverter a posição de vítima para você.

3- Educar: “que aprendizado tirar dessa situação?”

As intenções deste tipo de questionamento parecem ser nobres, mas sufocam o estado de luto como se a pessoa mal tivesse vivido uma experiência emocional perturbadora, já tivesse que racionalizar tudo e suprimir uma transição emocional importante. Essa tendência de catequizar os outros não ajuda de fato, a não ser quando surge espontaneamente no meio do processo.

4- Consolar: “você fez o melhor que pôde”

Dizer à pessoa que ela fez o melhor possível cria a sensação de fraude, afinal na maior parte das vezes nosso sofrimento surge exatamente porque fizemos bem pouco esforço. No fundo sabemos que demos nosso pior fantasiando que seria suficiente para conquistar algo. Racionalizar uma dor não permite que ela cumpra seu papel.

5- Desviar o foco: “isso lembra uma história que ouvi”

Esta é uma mania dos antigos que parece desviar o foco das emoções dolorosas, como se fosse possível amenizar uma emoção de maneira sábia remetendo a alguma historinha instrutiva e nobre. Depois que a travessia foi completa pode até valer a pena lembrar algo, mas no meio do processo você estanca a emoção precipitadamente.

6- Encerrar o assunto: “fica bem, tá?”

Frase típica de quem entrou numa questão espinhosa sem saber que não tinha cacife para lidar. O relato embrulhou o estômago e para criar um atalho o sujeito dá tapinhas nas costas e encerra a conversa desviando da dor pela própria dificuldade de lidar com ela. Seria mais justo abrir o jogo e dizer que aquilo ainda está além do seu alcance de ajuda.

7- Solidarizar-se: “oh, meu deus, coitado”

É uma postura que tem o objetivo de infantilizar a pessoa, supostamente protegendo-a dos outros e das situações maldosas. Esta polarização ente vítima e algoz não ajuda efetivamente; enfraquece a pessoa diante do que precisa lidar.

8- Interrogar: “já pensou que essa pessoa não quis dizer aquilo?”

A tentativa de investigar motivações intelectuais ocultas para afastar da dor emocional parece querer ajudar, mas bloqueia uma real possibilidade de assimilação do problema. Desvia do foco e cria um ambiente de adivinhação inútil.

9- Explicar-se: “eu no seu lugar teria já feito…”

Se você acha que é um expert em solução, guarde para você esse tipo de fala, pois isso cria um ambiente de superioridade desnecessária. Talvez só comprove que você se cerca de pessoas problemáticas para se sentir superior a elas quando no fundo está com medo de encarar suas próprias dificuldades.

10- Corrigir: “você não entendeu nada do que aconteceu, está errada também”

Este é o método favorito das pessoas que adoram criar culpa nos outros. Mal a outra está lidando com aquilo e já toma bordoada de alguém que se acha o justiceiro do universo. Cuidado especial com a tendência arrogante de sua parte como ajudador.

Muitas pessoas perguntarão como agir, então, na maior parte das vezes a melhor ação é uma não-ação; apenas uma presença apoiadora, silenciosa e acolhedora. É olhar no rosto, tocar o corpo e suportar o choro como uma mãe que está amorosamente ao lado do filho.

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Para treinar essas posturas de verdadeira ajuda, realizarei o workshop “Construindo maturidade emocional” nos dias 29 e 30 de novembro [clique aqui para saber mais]

 construindo maturidade emocional

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“,  “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094

 

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Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli

 

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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