Por que me sinto ligada em duas pessoas?

O tabu sobre o amor exclusivo oferece belos espécimes de confusão cotidiana.

Recebo pessoas no consultório divididas entre dois amores.

“Dois amores, Fred?”

Sim, dois amores!

Dois é bom, três é demais?

“Isso deve ser coisa de homem!”

Não, coisa de mulher também.

“Mas é possível amar duas pessoas?”

É disso que fala o texto.

Pense em seu pai e sua mãe. Você os ama, certo?

De modos diferentes, mas ama duas pessoas.

Com seus amigos acontece o mesmo, certo?

De jeitos e para coisas diferentes, mas ama duas pessoas.

Seus filhos, se tiver, os ama, certo?

Com feições e nuances diferentes, mas ama duas pessoas.

Por que o amor poderia estar enjaulado em um único amor exclusivo?

“Você está pregando a traição e a poligamia, que horror Fred!”

Eu disse isso? Estou abrindo uma reflexão, apenas isso.

Já presenciei mulheres e homens alegarem que sentiam amores distintos e extremamente valiosos por pessoas diferentes. Não teriam para quê mentir no meio da terapia, especialmente em um tema tão espinhoso.

Os dilemas não eram sobre aquilo ser real ou possível, mas se era correto. Seu sofrimento vinha da impossibilidade de conciliar coisas tão especiais simultaneamente.

“Especiais, Fred? É por que o corno não é na sua cabeça!”

Oras, do ponto de vista de quem olha de fora, eu não poderia negar que havia muita beleza no duplo amor que sentiam…

Tinham qualidades diversas, as vezes com mais ternura em um lado, mais tesão em outro, eventualmente ternura em ambos ou tesão em ambos, ou ainda tesão e ternura em ambos. As vezes havia complementação entre as relações, as vezes similaridade. E em muitos casos, a mulher ou o homem “traído” consentia silenciosamente, quase que desconfiando, mas consentindo.

Medo de perder o “traidor”? Talvez, mas é curioso de ver como todos “aceitavam” aquela condição, por motivações diferentes. Preferiam não apelar para a convenção social que diz: “ser corno, nunca!”. E manter uma experiência razoavelmente satisfatória. Já tinham perdido aquela ilusão do encaixe perfeito…

Esse texto serve para mostrar realidades comuns, mas pouco faladas abertamente…

Duas formas de amar…

E você já viveu dois amores?

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Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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