Não compre minha mentira!
Você já teve a sensação de que contava uma mentira para si mesmo e alguém comprou essa versão?
Não ajude ninguém assim!
Eu estou lidando o tempo todo com esse desafio, seja pessoalmente ou profissionalmente.
As pessoas vem me procurar e eu peço naturalmente para que digam um pouco de si mesmas. Esse é só um truque para ela pensar que eu vou acreditar naquilo.
Elas se descrevem com tanta convicção e realmente querem que eu compre a ideia que são sofredores, adoentadas, incapazes, deprimidas e vítimas da vida.
Meu trabalho é recusar todas as ficções criadas pelas suas mentes e dar uma segunda chance de encontrar aquilo que estava esquecido, abandonado subestimado, subutilizado e negligenciado na sua personalidade.
Para isso preciso ser cético da série de bobagens que me narram diariamente. Se eu simplesmente adotasse a perspectiva fracassada e derrotista que as pessoas me narram eu iria afundar na areia movediça que elas se colocaram.
Sei de muitos relacionamentos amorosos que passam anos num tipo de anestesia em que cada um finge para si mesmo e encena para o outro um personagem completamente falso da realidade. Adotam a postura de filhinho ou bravinho, de sabe-tudo ou dono da verdade.
Tudo mentira, digno de piedade.
Mas existem pessoas que adotam essa perspectiva de si mesmos e embarcam numa vida pautada em mentiras sobre mentiras que só alimentam sofrimento, derrotas e desilusões.
Na terapia elas se surpreendem quando eu simplesmente não me deixo fascinar por histórias vitoriosas ou cheias de “dor” e olhe para elas como pessoas, nada mais que isso. Quando tiro aquele sentimento de “minha verdade” e olho com cara de “jura que você realmente acredita nisso?”.
As pessoas se sentem aliviadas quando são olhadas para além das máscaras e desafiadas a desenvolverem uma visão menos confusa e paralisada de si mesmas. As pessoas temem e amam ser desmascaradas e se você faz isso a partir da mesma base de legitimidade e verdade (sem acusação, raiva ou inveja) ela pode ser tocada por uma sensação poderosa.
“Ninguém tinha me visto por esse ângulo, nem eu mesmo!”
Esse novo olhar é que possibilita toda a movimentação necessária para seguir com a vida. Aquela carcaça velha e fechada na qual a pessoa se sentia presa pode ser mais gostosinha, previsível e conhecida (ainda que se alegue sofrimento) mas ela tem prazo de validade curto. Mais dia ou menos dia algum impasse, desafio ou embate real irá chamá-lo para a realidade a fim de por tudo no seu devido lugar.
Aposto que você está sendo chamado nesse momento a sair desse sofá velho da sua personalidade. Levante, urgente, antes que alguém venha e lhe dê um belo tapa na cara, daqueles de mão cheia, para te fazer despertar desse sono hipnótico chamado automatismo.
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