Somente você pode viver a sua vida

* Estréia de Juliana Baron Pinheiro

 Sempre considero muito difícil quando preciso definir em algumas palavras quem sou eu. Na verdade, acho que (pelo menos os sortudos que percebem isso) passamos a vida inteira buscando nos conhecer, a fim de sabermos quem somos de verdade. E com certeza, com o passar do tempo e as maravilhosas possibilidades de mudanças que ele nos traz, essa definição pode se modificar. Deixamos pra traz antigos valores, descobrimos que muitas das características atribuídas à nós, na realidade, nem nos pertencem, entramos em novas fases, escolhemos novos caminhos e consequentemente, renunciamos à outros. Ou seja, morremos um pouco a cada dia, a cada virada de ciclo, para que novas personas possam nascer e possam vicejar.

E assim vamos vivendo, com a possibilidade de sermos quem quisermos a cada nascer do dia. Claro, desde que tenhamos a percepção e quase, um dom, de enxergarmos a vida dessa forma.

Eu cresci e acreditei a minha vida inteira, que as escolhas que fiz, e que automaticamente, tornaram-me quem eu sou, eram simplesmente frutos da interferência das pessoas ao meu redor. Sempre tive pra mim, que qualquer insatisfação pessoal que eu sentia, estava totalmente relacionado à alguém que tivesse, de uma certa forma, induzido-me a agir de uma determinada maneira. Mas graças à um momento em que não deu mais para eu esconder de mim mesma, que tudo o que aconteceu e acontece na minha vida, é de minha total responsabilidade, foi que eu consegui vislumbrar esse fato inquestionável. De que somente nós mesmos somos responsáveis pelas nossas vidas e o que fazemos dela. E fim de papo.

Hoje, vejo que culpar o meio, culpar alguém, pelo que você se tornou, é um caminho muito mais fácil de tomar. Só que ele é extremamente superficial e certamente não te levará à lugar algum.

Conversando com alguns psicólogos e profissionais que lidam com pessoas, ouvi deles, que grande parte das pessoas que os procuram, estão ali somente para confirmar que realmente, o seu pai, a sua mãe, o seu marido ou a sua mulher, são os verdadeiros “culpados” por todas as suas atitudes, ou a ausência delas. Mas vocês percebem o contrassenso que existe por trás dessas afirmações? Vocês conseguem notar o quão é mais cômodo, de certa maneira, apoiarmo-nos na crença de que outras pessoas tomaram as rédeas das nossas vidas e por consequência o que se fez delas?

Na vida, ou você caça, ou vira caça. Ou você faz as suas próprias escolhas ou deixará espaço para que outras pessoas escolham por você.

E mesmo que pareça clichê, o fato é que somente VOCÊ mesmo pode viver a SUA vida, e ninguém mais. Somente você pode e deve ser o artífice da sua história. Por mais que você possa dizer ou estar pensando, que convive com alguém que considera persuasivo, te afirmo que essa pessoa jamais terá o poder de lhe coagir a dar um passo adiante ou recuar, quando você achar conveniente. A não ser, que você mesmo permita essa inversão de papéis. Só que então, lá na frente, não adianta querer culpar outrem pelo lugar que você ocupa no mundo. Porque, se é que existe um culpado nesse enredo todo, foi quem se deixou levar pela situação e não aquietou a mente, pra então fazer a sua própria escolha e dar o passo adiante em direção ao lugar que desejava pertencer.

Experimente sair um pouco desse papel de vítima, aonde às vezes nos aninhamos, por realmente ser mais confortável, e perceba o que ou quem você permite que te tire do seu próprio rumo. Visualize esquematicamente o lugar em que você se encontra e aonde você deveria estar. Garanto que assim que você retomar as rédeas da sua história, posicionar-se, grande parte do que você hoje possa estar enxergando como incoerente, vai se alinhar e você finalmente vai se sentir capaz de seguir em frente, agora confiante e demonstrar assim, aos outros, quem esta no comando.

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* Juliana Baron Pinheiro: formada em Direito, mulher, esposa e mãe, em eterna busca do seu autoconhecimento. Descobriu aos 26 anos que a vida inteira viveu praticamente num cochilo psíquico. Sempre amou escrever e hoje descobriu que essa é a sua vocação e o que quer fazer pra vida inteira. Dos inúmeros diários e textos escritos na sua antiga máquina de escrever, surgiu o seu blog. Que já mudou de nome, de endereço, de assunto, mas que nunca deixou de transparecer a sua mais pura essência. Das novas descobertas, através das terapias que faz e de um processo engrandecedor de coaching, escolheu começar Psicologia, pra compartilhar com outras pessoas, a maravilha que é, descobrir a si mesmo e o quanto tudo o que buscamos, esta logo aqui dentro de nós mesmos”. Escreve no seu blog “Juliana Baron Pinheiro” , no blog “Delicinhas de Pera” , no blog “As crianças” .