Economia emocional

Muitas pessoas me perguntam como costumo tomar as minhas decisões pessoais e demorei para chegar a essa conclusão, mas compartilho com vocês mesmo sabendo que muitas pessoas tem sua maneira pessoal de tomar decisões.

Não gosto de desgastes emocionais desnecessários, ou seja, não quero algum tipo de material psicológico inútil me perturbando por tempo excessivo. Na prática quer dizer que pago para não entrar num problema e pago duas vezes mais para sair dele.

Gosto de ser econômico com meus sentimentos, não vou investir em algo que não vai me render emocionalmente mais do que investi. Lógico que não penso matematicamente assim, mas uso um sentimento interno para tomar uma decisão.

Exemplo 1

Quando eu ia me envolver com alguém amorosamente eu pensava se os quesitos de admiração que sentia pela pessoa tinham combustível para muitos anos de vida e supostos dias difíceis e pela velhice (felizmente ou infelizmente penso em alguém para passar o resto da vida). Se os pontos de contato eram baixos não valia a pena eu sacar uma quantidade enorme de “investimento” emocional para depois saber do naufrágio certo.

As personalidades juntas precisavam render mais do que separadas, pois se sozinho eu vivia melhor do que ao lado da pessoa não via lógica em seguir gastando energia tentando consertar ou mudar a pessoa. Aproveitava que a história estava no começo e por mais doloroso e decepcionante para ambos que fosse eu rompia. Fiz isso poucas vezes até aprimorar meu radar e conseguir chegar nessa conclusão em algumas poucas saídas. Saber o que eu quero da vida e quem eu sou faz toda diferença para não ficar dando murro em ponta de faca ou tiro no escuro.

É doloroso? Sem dúvida, mas entre a dor inicial associada com dúvida excessiva eu prefiro essa quebra aparentemente dolorosa do que a quebra futura fatal.  É fácil? Não, mas mais fácil do que criar muitos pontos de contato.

Exemplo 2

Se vou realizar algum tipo de trabalho eu peso vários aspectos (em ordem de prioridade): nível de satisfação pessoal, tempo demandado da minha vida pessoal, impacto benéfico que vai gerar de forma geral e ganho financeiro.

Por que penso no retorno financeiro por último? Porque já aprendi que o dinheiro que vem associado com perda de qualidade de vida não compensa, vou ter a tendência de fazer gastos desnecessários e compulsivos para compensar meu nível de infelicidade pessoal. Se posso investir meu tempo em algo que cause maior benefício para muitas pessoas eu farei isso ao invés de ficar dedicando isso para menos pessoas. Não que elas individualmente não mereçam, mas pensando em escala o benefício um a um (dentro do quanto tenho de energia pessoal) não compensa.

Exemplo 3

Num caso de desentendimento emocional com um amigo ao invés de eu ficar me torturando por dias e horas com imaginações sem sentido eu uso a estratégia de pular logo na piscina gelada. Já que vai doer que seja logo e de uma vez só. Abro o jogo do meu incômodo usando de comunicação a(e)fetiva [leia mais] para poder expressar aquilo que estou sentindo ao mesmo tempo trazendo a responsabilidade da solução pelas duas partes envolvidas. Não assumo que um problema de desentendimento com um amigo é só meu, mas dos dois.

Portanto, se os dois deixaram um problema grave chegar nesse nível é bom que nem eu e nem ele deixemos chegar até as ultimas consequencias a ponto de haver uma guerra. Se a situação é muito delicada e alarmante, eu prefiro ceder da minha parte, mas tomar uma guinada básica na qualidade da intimidade que vou estabelecer. Não vou me desgastar ou apostar tanto naquela relação até que existe uma mudança significativa.

Posso me apegar ao passado e ficar devaneando em como aquilo era bom antigamente? Sim, mas posso driblar melhor meu saudosismo do que os efeitos danosos de um convívio tóxico.

Resumindo

Deixei de agir como um super-homem que acha que pode dar jeito em tudo, quebrar todos os galhos do mundo, salvar todos os homens e mulheres do mundo. Analiso com calma e agilidade se estou me conectando num tipo de situação que é um ralo de energia que vai me consumir sem necessidade ou se aquilo será próspero e abundante do ponto de vista emocional e material.

Isso é ser frio e calculista? Não, apenas sensato, pois ao contrário do que se poderia pensar acesso minhas emoções para tomar essas decisões, mas não atendo ao primeiro impulso empolgado (e normalmente egocêntrico) e sim emoções mais profundas que exigem maior complexidade na hora da tomada de decisão. Gosto de dar uma só marretada para dissolver um conflito, portanto, não vou ficar dando 10 “golpes” ineficazes se posso dar um só que desmonte a situação.

Sigo naquele ditado que melhor seguir com os dedos do que o anel. Prefiro sacrificar minha vaidade e orgulho (que costumam ser a fonte de apego a qualquer coisa) do que minha tranquilidade.

Em essência, depende do que você quer na vida, eu optei por paz de espírito, crescimento consistente-gradual, vida amorosa equilibrada e bem-estar coletivo. Se qualquer decisão pode corroer silenciosamente esses princípios básicos eu volto atrás, abro mão e saio com o rabo entre as pernas. Não quero nada a qualquer custo, priorizo uma felicidade pacífica. Sem nenhuma vergonha de reconhecer que posso escorregar e que sou humano.

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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