Vocabulário emocional

É muito comum alegarmos que as outras pessoas não entendem o que estamos realmente sentindo ou que somos pouco compreendidos.

Essa postura tem um impacto direto na maneira que nos relacionamos, afinal permanecemos fechados, isolados ou ressentidos com as atitudes egoístas dos outros.

74466573_Pills_of_Hapiness_by_carola_j

Isso se deve em grande parte por um certo tipo de analfabetismo emocional generalizado que se restringe a comunicar o que se sente de maneiras inapropriadas.

Com certa freqüência comunicamos o que sentimos em forma de ataque, acusação, condenação ou inferências sobre os outros. Partimos de deduções imaginárias sobre o que o outro pensa como reação a certa ação e rebatemos a isso de forma defensiva, distante ou impulsiva.

Se uma pessoa querida chega em casa com o semblante fechado é muito comum deduzir que está brava ou chateada e se aquilo segue por algum tempo já induzimos que diz respeito a nós. Nossa falta de tato imediatamente cria uma casca de comportamentos estranhos. Logo tentamos ironizar, cutucar, dar indiretas ou nos afastar. O medo de ser rejeitado ou agredido cria esse obstáculo que poderia ser desfeito com algumas posturas conciliadoras. Um toque físico poderia abrir uma pessoa sem que uma fala racional se estabelecesse. Depois de uma intimidade maior uma pergunta realmente aberta e curiosa funcionaria melhor. “Notei seu olhar diferente hoje e fiquei curioso sobre o que está acontecendo no seu dia”. Diante de uma resposta automática ou negativa poderia se seguir algo como: “talvez eu não tenha sido receptivo em muitas ocasiões, mas agora estou disposto a ouvir com atenção e sem julgamentos o que você teria a compartilhar. Estarei por aqui se quiser falar algo”.

Reagimos como enfermeiras desastradas querendo colocar curativos sem que sejamos chamados para tal. Essa mania de querer consertar tudo pode ser altamente indelicada quando alguém só quer aliviar seu peso com um desabafo. Ela não quer fazer nada em especial sobre aquilo, apenas expressar e se sentir ouvida e acolhida.

Ocorre que falta certa paciência para criar abertura não-julgadora/corretora, agimos de modo afobado e invasivo quando se trata de emoções difíceis. A falta de familiaridade em lidar com nossos tópicos delicados ou vulnerabilidades pessoais nos limita na hora de atravessar a linha que cruza uma real comunhão com a dor do outro.

Muitos também se fecham em reações padrões como desconfiança, ironia ou respostas desafiadoras que criam de forma geral respostas ruins.

Há também certo problema com nosso repertório emocional, que costuma ser pequeno. Sabemos meia dúzia de palavras e depois já usamos termos que expressam sensações físicas como um troço ou nó no peito.

Nos detemos em poucas categorias de emoções corriqueiras mesmo sabendo que existem pequenas variações que poderiam explicar com mais precisão o que sentimos. Certo desleixo nos torna incapazes de procurar palavras mais adequadas e únicas como “quanta ternura uma melodia nos causa” ou sobre a “consternação diante de da morte de alguém”.

Também ocorre que confundiremos sentimentos com pensamentos como: “eu sinto como se tivesse jogando minha vida fora”, ao invés de dizer: ” eu me sinto desapontado comigo mesmo”. Desapontamento é o sentimento.

Eu queria construir com vocês algo coletivo, uma lista de sentimentos de todos os tipos. Vamos enriquecer nosso vocabulário emocional.

Deixem suas sugestões nos comentários desse post ou na fanpage do blog e eu irei acrescentando na lista do texto.

Compartilhem com as pessoas esse texto e peça que ajudem nessa tarefa. Se puderem leiam os sentimentos já registrados para acrescentar algo novo. Hora de quebrar a cabeça. 😉

Lista de sentimentos

Alegria
Tristeza
Raiva
Medo
Culpa
Desapontamento
Exaltação
Angústia
Enlevamento
Esperança

Lucidez
Amor

O que não é um sentimento
Rejeição – um julgamento e dedução sobre o comportamento de outra pessoa sobre nós. Retrato de uma forma de interação.
Solidão – condição social
Choro – uma reação fisiológica
Felicidade – uma condição humana
Depressão – um diagnóstico psiquiátrico
Gentileza – um valor moral

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

Related posts