Estar presente

* Por Juliana Baron Pinheiro

Eu fiquei pensando muito sobre o que escrever nesse meu último texto do ano. Afinal, essa virada de ciclo sempre me inspira bastante porque traz consigo diversos assuntos interessantes para serem levantados. Como, por exemplo, a escolha das metas para o ano que se inicia, a revisão das que foram estipuladas no início do ano que chega ao fim, a importância da gratidão (que eu digo que foi o meu grande aprendizado nesse ano de 2013).

Mas eu decidi compartilhar com vocês o meu grande propósito desses dias festivos e dos dias em que estarei de férias na praia: o de estar presente. Já falei certa vez sobre isso por aqui, também no meu período de férias do ano passado, quando escrevi o texto “O poder do silêncio”. Nele eu comentei sobre o filtro que é saudável fazer quanto ao uso dos milhares de estímulos digitais que fazem parte da nossa vida. Pelo menos nessa (suposta) época de descanso. E essa temática está ligada ao que eu trago hoje, pois, em geral, é justamente o uso abusivo dos estímulos que nos impede de realmente estar presente nos momentos que vivemos.

Desde que me mudei pra casa de praia, há pouco mais de uma semana, estou tentando exercitar essa difícil arte de estar presente em cada atividade que eu faço. Seja lavando a louça, escrevendo, brincando com o meu filho, preparando o almoço. Até ao limpar o banheiro. E não pense que é tarefa fácil. Mas também não é impossível. Só é necessária muita prática, muita atenção, um alerta constante e uma vontade profunda de conseguir alcançar esse objetivo.

Durante esse exercício, lembrei-me de uma história que me foi contada na terapia e que tem relação com essa correria que se vive diariamente e que nos priva de degustar o “presente do presente”. Como eu não a achei da forma como me foi contado, vou lhes contar com as minhas próprias palavras. Certo dia, um índio viajou de trem pela primeira vez na vida. Ao chegar ao seu destino, a última estação do trem, ele desceu, se sentou num banco e ali ficou por horas a fio, sem se mover. Um senhor que trabalhava por ali, intrigado com aquele índio sentado há horas no mesmo banco, aproximou-se e perguntou o porquê dele estar ali sem fazer nada. Então, o índio, com aquela calma, típica dos serenos, respondeu que ele não estava sem fazer nada. Que como a viagem tinha sido muito rápida, ele  estava esperando a sua alma, que ainda não havia chegado.

Gosto muito dessa história e desde que a ouvi pela primeira vez, penso nela quase o tempo todo. Principalmente, quando chego apressada em algum compromisso. Esbaforida, procuro sentar, respirar e esperar a minha alma chegar. para então me mover, fazer minhas escolhas, continuar a minha correria do dia. Você conhece o ditado que diz que a pressa é inimiga da perfeição? Sem a nossa alma, corremos o risco de fazer escolhas erradas ou precipitadas, de falar o que não queremos ou de não falar o queremos, de perder instantes preciosos e de deixar oportunidades passarem despercebidas.

E é esse o convite que eu venho fazer a você hoje. O de exercitar comigo esse “estar presente”, que vai muito além de simplesmente estar ali. Especialmente naqueles momentos em que a família está reunida na mesa da cozinha, na beira da praia ou na varanda da casa. Quem sabe você larga o celular, o tablet, desliga a TV ou abandona a revista. Experimente estar ali e não em outro lugar. Pense que aquele exato momento não acontecerá outra vez.

Como sugestão do Fred, vou começar a escrever duas vezes por mês aqui. Aceitei o desafio porque acredito que exercitando essa arte de “fazer uma coisa de cada vez”, encontrarei mais tempo para me dedicar à escrita. Já que essa é a minha última colaboração do ano, deixo o meu desejo de que você viva um feliz Ano Novo pra você e que em 2014 você possa colher todos os resultados daquilo que plantou no ano que chega ao fim. Não tem muito que colher? Então, aproveite o agora! SEMPRE é tempo de semear!

E que venha 2014!

Beijos, Juliana Baron Pinheiro