17 motivos ocultos para ser mãe

* Por Frederico Mattos

Quando as pessoas falam de maternidade, costumam ignorar um detalhe: a mulher, ao contrário da figura idealizada da virgem Maria, é apenas um ser humano que pariu uma criança. Assim sendo, quando ela é inundada pelos hormônios gestacionais não ganha nenhum super-poder ou sabedoria imediata. Pelo contrário, para algumas mulheres a maternidade revela o pior de sua personalidade exatamente porque culturalmente parecem ficar blindadas a qualquer tipo de crítica. O jeito dominador, prepotente, controlador e obsessivo de muitas mulheres salta aos olhos de quem olha sem a visão romântica de que mães são seres puros e com amor incondicional. Quem consegue perceber que continuam sendo seres humanos inseguros, incompletos e contraditórios nota nas entrelinhas da maternidade todos os conflitos humanos que qualquer pessoa tenha consigo.

São muitos motivos ocultos que preferimos ignorar pelos quais uma mulher deseja ter filhos – e que nem sempre são nobres. Por favor, leia sem se defender e esbravejar, mas com o coração aberto para refletir.

crianca

1. Preencher um vazio Mulheres carentes, solitárias, desajustadas e que se sentem inadequadas encaram na maternidade um tipo de refúgio psicológico garantido de amor vindo dos filhos, daquele tipo que se espera dos cachorros. Não importa o que se faça, tudo garante um sorriso do bebê. São essas que normalmente acabam tendo sérios problemas com os filhos adolescentes, fase preciosa onde os filhos colocam em xeque todas as contrariedades camufladas pela inocência da primeira infância que se arrastaram durante anos na vida.

2. Fugir do casamento Muitos casamentos naufragados parecem ganhar fôlego quando surge uma criança no meio. Os conflitos que estavam dirigidos um contra o outro são redirecionamos para a luta pela sobrevivência daquele que nascerá. Se a mulher via no companheiro alguém negligente, rude ou emocionalmente frio acaba projetando nos filhos um contraponto cheio de amor, carinho e ternura. Com isso, sem perceber, acaba abrindo mais a rachadura conjugal, ainda que reforce para si a certeza daquele parceiro distante.

3. Se sentir onipotente Quem não gosta de falar sem ser questionado, rebatido e ainda por cima ser idolatrado e obedecido? Para mulheres ressentidas por uma sociedade machista que as oprime a vida toda parece que a gravidez é um tipo de território que só ela irá dominar e se beneficiar. Se ela nunca pôde até então ser dona de seu destino parece que maternidade abrirá um espaço onde possa exercer sua dominância.

4. Seguir a manada (Adequação) Muitas mulheres não se dão conta, mas tornam-se mães pelo simples impulso de fazer o que todos fazem. Quase irrefletidamente, como sempre tomaram decisões passivamente, acabam sendo mães por pressão social dos amigos, parentes e pais.

5. Inveja das amigas Para aquelas com instinto competitivo, a maternidade pode ser mais um item do check-list para subir no ranking de sucesso pessoal.

6. Ter uma companhia eterna Se casamento é escolha voluntária e rompível (na maior parte das vezes porque adultos não toleram defeitos irreparáveis) muitas mulheres veem na maternidade um tipo de relação perpétua. Enxergam nos filhos um tipo de casamento que nunca se rompe e garantindo em sua imaginação pouco realista alguma companhia na velhice.

7. Ilusão de amor romântico incondicional Se o amor do casal é condicionado por performance, reavaliação constante e exige mérito para seguir em frente, a maternidade é vista como o tipo de afetuosidade que não importa quão detestável uma mulher seja, ainda assim ela teria a garantia do amor dos filhos.

8. Pacto de união versus maridoFilhos muitas vezes são usados como contraponto para aumentar o time contra o marido. Muitas mulheres cooptam seus filhos numa luta silenciosa contra o pai só para provar a tese de que ele não tem valor, além de marido como pai.

9. Compensar faltas emocionais Muitas mulheres usam da maternidade como um tipo de cura para lamber suas feridas. Ao invés de encarar suas pendências emocionais, acabam vendo na maternidade um tipo de terapia recreativa para curar algum trauma ou falta pessoal. O resultado costuma não ser muito positivo para os filhos que sentem uma grande dose de culpa quando crescem e desapontam a mãe por fazerem escolhas diferentes das esperadas.

10. Dar o que não teve na infância Para muitas mulheres os filhos são depósitos de compensações. Querem nutrir sua criança interna ferida colocando os filhos num pedestal de privilégios, como se dando todos os bens materiais e sufocando de cuidados a criança não sofra o que a mãe sofreu.

11. Achar que filho consertará algo  Como adotam a maternidade como uma missão, muitas mulheres usam os filhos como um tipo de profissão que compense fracassos profissionais ou escolhas pessoais meio tortas.

12. Prender o marido Isso ainda existe no século XXI: a crença de que um filho pode assegurar, por culpa e cargo vitalício de mãe de seus filhos, um tipo de relação ainda que doentia, com o homem no qual são fixadas enlouquecidamente. Os filhos são os menos beneficiados nessa história e são usados como fantoches de chantagens ao longo da vida, seja financeira ou moralmente.

13. Pensão assegurada Sim, isso acontece. Muitas mulheres que se sentem socialmente vulneráveis recorrem a esse artifício para se assegurar financeiramente garantindo a paternidade de um homem bem sucedido.

14. Desejo narcísico  Se uma mulher se acha muito incrível ou detestável, terá nos filhos massas de modelar seus exageros pessoais, para mais ou menos. Filhos que se tornam miniaturas de suas vaidades ou desajustes.

15. Exibir sucesso para sociedade Para certos círculos sociais, a maternidade é símbolo de status feminino, portanto, deixar de tê-los seria motivo de vergonha social ou menos valia. Que assunto falar com as amigas na hora em que se encontram? Filhos!

16. Reparar culpa Talvez este seja o mais comum, por imaginar que falhou com seus pais ou com alguma pessoa, aquela mãe acaba vendo nos filhos um sinal de esperança para sua dor e auto-perdão.

17. Auto-repúdio  Mulheres muito rígidas consigo mesmas sempre encontram um motivo para mais auto-acusação e condenação. A maternidade costuma ser uma via de auto-flagelo. Dedicam pouco de si só para se sentirem mal consigo mesmos e se condenarem como uma eterna mãe ruim. Mecanismo inconsciente, é claro.

Paradoxalmente, apesar de elencar esses motivos pouco nobres para a maternidade não vejo problema fundamental em que eles sigam existindo; a vida nem sempre é nobre e cada um faz a sua realidade possível. Ter consciência disso não é motivo para se jogar da ponte ou se repreender, mas um incentivo para repensar a própria vida.

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“,  “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094

 

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Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli 

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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