A grande perturbação da vida adulta

* Por Frederico Mattos

Toda pessoa sabe que a vida adulta pode se tornar uma fonte de aflição quando experimenta um tipo de divisão interna, uma espécie de aperto no peito por se sentir dividida perante duas coisas que brilham aos olhos de jeitos diferentes e de mesmo peso.

É muito perturbador notar que duas pessoas, por exemplo, podem ter o mesmo peso emocional, mas por motivos diferentes. Por exemplo, parece que o João é um homem honesto, respeitoso, daqueles que você nunca desconfiaria de qualquer tipo de comportamento dúbio, mentiroso ou de caráter duvidoso. No entanto, esse mesmo João da mesma forma que é contido para a maldade se sente bloqueado no campo dos desejos e é um sujeito que não se atira na vida, não arrisca uma grama da sua zona de segurança e não avança um passo sem ser convidado. O que pode parecer uma virtude no trânsito na cama é bem frustrante, ele não sabe segurar com alegria e firmeza, parece temer quebrar a cintura e costela de sua amada. João faz sentir admiração e pena, dois sentimentos que não combinam com fidelidade.

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Diferente de João o Léo, e daí já se vê a diferença, pois nem nome ao certo ele tem, é o tipo de sujeito que ninguém sabe qual será o paradeiro. O que tem de egoísta tem de intenso, parece não temer nenhum tipo de restrição ou vergonha, o que passa em seu coração sai pela boca. É por essa natureza cheia de vontades que consegue o que quer, afinal é muito difícil recusar a companhia, e o beijo, de quem parece ter um vulcão no coração.

Pense você agora qual a confusão de uma garota que tem diante de si o João e o Léo como pretendentes. É uma dúvida cruel, pois o bom moço João, é do tipo que se pode deixar guiar com os olhos vendados, mas é incapaz de tirar as vendas com algum tipo de volúpia safada. Já Léo é melhor nem embarcar em nada que envolva vendas nos olhos sem que isso acabe em putaria.
Ambivalência, senhoras e senhores, esse é o sentimento fundante dos dilemas da vida adulta. É aquela briga entre o dever e o prazer, entre o que é certo com o que é bom, entre o bom senso e o desejo, entre pensar no hoje e no amanhã.

Lidar com as ambiguidades da vida não é simplesmente engolir a seco, escolher por um caminho e fingir que não aconteceu. É ter que inevitavelmente deixar escapar uma vida que poderia ter sido a cada pequena escolha pessoal e ainda assim seguir em frente com aquele leve amargo na boca de que talvez a rota mais profana (ou a mais pura) teria levado a lugares melhores (ainda que ninguém tenha resposta para isso).

Amadurecer é ter a habilidade de descobrir a si mesmo em cada novo passo da vida é ter que enfrentar essa correnteza de incertezas que nunca serão plenamente respondidas.

Amadurecer é fechar os olhos para o que não foi vivido para não permanecer preso numa vida que não foi.
Amadurecer é ter a coragem de não ser o que não foi escolhido em paz.

Como nos habituamos a fazer escolhas impensadas, dá para notar, que amadurecer é tarefa que poucos efetivamente coloca como prioridade. O que não faz apagar nenhuma das ambivalências humanas…

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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