De vem o sentimento de vazio?

* Por Frederico Mattos, psicólogo

A queixa que mais ouço das pessoas em consultório, ainda que não declaradas dessa forma, é a de que sentem um vazio emocional que as impede de sentirem uma real sensação de alegria ou entusiasmo com o que ocorre em suas vidas.

Muitas delas tem uma boa vida, confortável financeiramente, com uma estrutura familiar razoavelmente afetiva, carregam sonhos pessoais e tem um trabalho (ainda que nem sempre satisfatórios).
De modo geral, a abordagem que muitos usam para explicar esse sentimento é de que a cultura pós-moderna, que valoriza o parecer ao invés do ser ou o ter ao invés de usufruir estaria causando um tipo de perda profunda, quase uma apatia espiritual (não no sentido religioso) dos nossos tempos.

É bem verdade que a cultura estimule tudo isso com os coloridos mais intensos no mundo do cinema, séries, novelas e perfis superestimados no Instagram e Facebook.
No entanto, há uma questão que pouco se discute que é a parcela individual que cada pessoa, como eu você, que colabora com esse ensurdecimento psíquico.

A depressão e a ansiedade de que muitos se queixam parecem respostas emocionais ao modo como silenciamos o nosso mundo interno. Por receber tão pouca atenção de qualidade nossa mente parece adotar essas duas estratégias como sinal de alarme. Ela vai desligar a sua capacidade de continuar se excitando cegamente com qualquer estímulo (depressão) ou deixará você tão sensível e amedrontado com tudo para entupir a sua “caixa de entrada de e-mail” a ponto de não aguentar mais nenhum estímulo (ansiedade).

Nossas doenças emocionais são um pedido forçado de socorro, é o jeito que a mente encontra para sinalizar que correr a 300 km/h pode parecer bonito para os outros, mas tem um custo emocional gigantesco.
A gritaria que impomos para o nosso mundo interno é tão intensa e compulsiva por prazer imediato (comida, entretenimento, dinheiro, compras) que nossas emoções desenvolvem um tipo de surdez seletiva.

Nos auto-bombardeamos de tanta internet, noticia, recados de celular, informação desnecessárias e até busca por aborrecimentos cotidianos desnecessários que a mente bloqueia o excesso.

O problema é que a bloquear o excesso criamos novas necessidades e vamos lentamente aumentando a tolerância para o lixo emocional que nós mesmos produzimos e consumimos. A mente bloqueia mais uma leva de “spams” emocionais.

Vazio, portanto, é vazio de conexão consigo mesmo…
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui] e Mães que amam (demais livros e cursos [aqui]). Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094