Olhos de amor

Sempre que o Natal se aproxima me pergunto como seria ver o mundo com olhos de amor.

Imagino passar meu dias exatamente focado no que acontece agora,  sem perder de vista aquilo que é essencial na vida que são as pessoas, nossas maiores riquezas.

Feliz Natal!

Isso me daria uma certa tranquilidade de saber que para qualquer lugar que eu olhasse teria algo valioso por perto e se quisesse acalmar minha ansiedade bastaria puxar um papo leve, gostoso, perguntar coisas banais para ouvir o que o coração alheio iria me brindar.

Diante de uma pessoa que se comportasse de uma maneira injusta, agressiva ou fechada eu apenas refletiria comigo sobre minha própria postura fechada e meu olhar estreito. Tentaria olhar para além das aparências a fim de não criar distâncias, mas sim aproximações.

Com olhos de amor eu deixaria de buscar um mundo perfeito e idealizado e colocaria mais vezes as mãos na massa. Jamais obrigaria ninguém a caminhar comigo sem que a pessoa quisesse, respeitaria o ritmo de cada um mesmo que eu continuasse no meu passo lento ou acelerado. As vezes me sentiria sozinho e incompreendido, mas não carente demais para deixar meus sentimentos de autopiedade me dominarem.

A culpa já não teria mais lugar num coração que não tivesse a presunção de acertar sempre e poderia parar de boicotar minha felicidade a pretexto de expurgar ou cometer sacrifícios inúteis. Ao invés de perder tempo chicoteando meu peito cansado eu deixaria que ele se enchesse de novas ações criativas, produtivas e que gerassem mais felicidade.

Deixaria de lado tudo aquilo que não agrega beleza, conforto, bem-estar, paz de espírito e união entre as pessoas. Isso acabaria me fazendo enxergar com mais clareza o essencial da vida que é poder respirar lado a lado com as pessoas que amo.

Eu poderia rir de mim mesmo e não ser tão implacável com a vida, já que o mais importante não seria aprisionar uma verdade ou andar nos trilhos, mas continuar caminhando com os outros e abrindo novas possibilidades.

Não precisaria cobrar aplausos/elogios e atenção sem medida ou exigir que todos lessem da minha cartilha. Cada um em sua liberdade seguiria seu destino e eu só alimentaria aquilo que fosse frutífero nos meus relacionamentos. Qualquer coisa que me desse segurança inútil ou controle desnecessário sobre os outros eu já não precisaria me ocupar.

Poderia inclusive amar pelo prazer de amar e não infernizando os outros para que me amem em minhas condições.

Acho que essa liberdade proporcionada por olhos de amor faria curiosamente o amor dos outros fluirem até mim, sem pressão ou temor por perder nada.

Um olhar de amor me permitiria saber que tenho tudo ainda que achasse que não tenho o suficiente, afinal o amor estaria no meu modo de falar, andar e me relacionar. Tudo estaria comigo em qualquer situação, jamais me sentiria acuado ou deslocado…

Não posso deixar de lembrar que a data comemora o nascimento de um homem que passou por esse mundo e deixou belos relatos sobre o que seria esse tipo de amor. Alguns o chamam de JC ou Jesus, outros de Cristo ou senhor, eu não o chamo de nada, apenas me inspiro sem fazer alarde ou pregação.

Feliz Natal a todos!

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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