Quanto ódio!

* Por Frederico Mattos

Se uma pessoa dissesse na sua cara que é burra como uma anta…
Se uma pessoa dissesse com gritos que você faz tudo errado e é motivo de decepção profunda…
Se uma pessoa dissesse que sua vida é um fracasso…
Se uma pessoa tentasse impedir você de alcançar o seu sonho mais lindo…

…provavelmente ficaria indignada e muito chateada de como essa pessoa pode ser tão cruel e cheia de ódio para com você.

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Mas se essa pessoa é você mesma, por que acha isso normal?
Já notou quanto você se ofende, agride, humilha, desmerece e boicota ao longo da vida?

Se alguém tentasse interferir no seu relacionamento amoroso e colocasse tudo a perder, seria alguém sem coração, mas e quando esse alguém é você mesma colocando seu relacionamento em risco?

Você ficaria muito magoada se alguém tentasse dizer que nunca vai chegar tão longe ou tentasse atrapalhar sua concentração na hora dos estudos ou exames finais, mas e se fosse você a distrair sua atenção nesses momentos decisivos?

Você ficaria arrasada se alguém tentasse enfiar comida em excesso em sua goela a baixo, mas por que acha razoável quando você se entope nas refeições?

Você ficaria arrasada se seu chefe sempre fizesse uma avaliação péssima do seu trabalho, mas por que aceita que um tirano interno desmereça tudo o que faz?

Por que acharia falta de caráter que alguém tentasse estragar seu prazer a todo o momento, mas por que parece compreensível que você subtraia sua paz de espírito constantemente ao tentar prever o futuro e controlar as pessoas?

Você denunciaria alguém que a ofende, ameaça, bate ou manda calar a boca, mas nunca ousa interromper quando essa agressão é um eco de si mesma na sua cabeça.

Parece que o ódio vindo de fora é violência, mas o que vem de dentro é normal, uma forma de se regrar ou aceitável.

Conversando diariamente com pessoas de todos os tipos, o que noto em muitos casos é uma quantidade de autorrecriminação do tipo que nem o pior inimigo faria por causa de enganos banais do cotidiano.
Nessas horas pergunto por que tanto ódio consigo mesmo?

Por que tanto castigo autoinfligido?

Por que tão pouca tolerância com os próprios tropeços?

Por que tão pouca compaixão em momentos de pressão, perda e vulnerabilidade?

Por que você se machuca tanto emocionalmente?

Por que espera tanto amor e consideração dos outros sendo incapaz de se acolher num dia ruim?

Por que aceita com tanta facilidade um autoinsulto e silencia um autoelogio?

Por que está sempre se tirando do centro da sua vida e colocando alguém que não tem o mesmo valor?

O que você fez de tão maligno para merecer receber tão pouca humanidade de si mesma?

Por que tanto ódio de si?

 

Esses questionamentos me despertaram o desejo de compartilhar um pouco do que experimento na vida e na clínica à respeito do mundo das emoções. Atesto diariamente que quanto mais conectados estivermos com essa dimensão perdida é que conseguiremos nos conectar com as outras pessoas de forma saudável . O convite está colocado, quem sabe possamos trocar um pouco de experiências de vida? [saiba mais]

construindo maturidade emocional

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Captura de Tela 2014-08-26 às 10.05.17* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros “Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique]“,  “Como se libertar do ex” [clique aqui para comprar] e “Mães que amam demais”. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos, oferece treinamentos de maturidade emocional no Treino Sobre a Vida e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094
Revisão: Bruna Schlatter Zapparoli

About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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