Promessas impossíveis

Como o hábito de fazer promessas para as pessoas que amamos pode ser desastroso

*Por Frederico Mattos, psicólogo clínico

Somos românticos sem o saber. Acreditamos em unicórnios, pegasus e duendes para tornar a vida um pouco menos amarga e dura.
Quando alguém nos afirma:
• Vou te amar por toda a minha vida
• Você é a pessoa perfeita para esse cargo
• Estarei sempre ao seu lado
• Vai dar tudo certo
• Nada de ruim vai te acontecer
• Finalmente as coisas vão se encaixar

Todas essas promessas, sem exceção são liberdades poéticas de pessoas bem intencionadas que querem aplacar um pouco da nossa ansiedade frente ao desconhecido.

Por mais que elas queiram que isso tudo seja verdade e até acreditem em cada vírgula isso não transforma essas afirmações em verdades verdadeiras. Elas já contém em si mesmas uma contradição inquestionável.

• Não se pode garantir a durabilidade de nenhum sentimento
• Não é possível acertar a perfomance futura de nenhuma pessoa
• Podemos morrer, mudar, entrar em cima a qualquer momento
• Certo é um conceito muito ambíguo
• Coisas ruins acontecem pra todo mundo, a vida é frágil
• Nada se encaixa, tudo se modifica

Por que então o nosso fascínio por fórmulas mágicas e respostas prontas?
Porque queremos ser poupados da dor real ou imaginaria a qualquer custo. Mesmo que o custo disso seja sofrimento redobrado, relações iludidas ou decepções e magoas eternas. Esse é o mesmo motivo pelo qual fazemos más escolhas políticas, gostamos de promessas confortáveis.

Será que toleraríamos confortos como:

• Farei o meu melhor pra renovar o amor que sinto por você agora
• Muitas coisas indicam que será uma boa experiência para você e a empresa, ainda que ninguém possa garantir nenhum sucesso
• Agora estou ao seu lado, farei todos os esforços que estar por perto, mas muitos embates, talvez a maioria, serão seus.
• Não importa qual seja o resultado estarei ao seu lado
• Coisas ruins acontecem, não temos um escudo para nada, vamos enfrentar isso tudo
• Puxa, as vezes a gente quer um ponto final que nunca chega

O gigantesco X da questão não é encontrar uma solução fácil, mas é simplesmente estar ao lado, diante daquele grande silêncio frente à coisas que não conseguimos e nem precisamos explicar. Ao invés de fazer promessas, é melhor nossa presença, nosso olhar, nosso afago, enfim, dar uma parte de nós, sem ilusões…

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

Treinamentos online de “Como salvar seu relacionamento” e “Como decifrar pessoas”

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094