Bulimia como doença pós-moderna

*Por Josi Bessa, nutrição

Nossa mente está povoada com imagens de pessoas magras e bonitas, pois essas imagens estão em todos os lugares que olhamos.

A imagem da pessoa magra e bonita são sinônimos de sucesso e são definidas como uma maneira de ser querida por todos.

Para você conseguir entender essa relação basta lembrar-se dos contos de fada, as princesas e os príncipes são sempre bonitos e magros, entretanto a bruxa malvada é feia e no final ela sempre se dá mal ao contrário da princesa.

Esse roteiro é pensado para novelas, filmes, capas de revista e inevitavelmente trazemos isso para nosso cotidiano. Associamos beleza e magreza como um caminho para chegar ao sucesso e ao amor.

Diante dessa realidade não é estranho ver que as doenças relacionadas à beleza têm aumentado nos últimos tempos.

Como meio para atingir um padrão de beleza a bulimia surge para tentar aumentar a sensação de que um dia a pessoa chegará nesse padrão. Algo que envolve o controle e o desespero, ora há compulsão alimentar, ora há purgação numa tentativa de evitar o ganho de peso.

Essa briga não é apenas com a balança, mas sim com toda uma sociedade que insiste em dizer o que é aceitável e inaceitável. Ela determina o que é beleza, ou seja, define um padrão, onde alguns podem se sentir na obrigação de se encaixar.

Pele branca, traços finos, olhos azuis, boca carnuda, corpo magro e simetria. Recordam de alguém? Ou melhor, de um personagem. Esses são basicamente os traços da boneca Barbie. O padrão de beleza reside na escassez, poucas pessoas nascem com todos esses atributos e talvez seja por isso que ele é tão exaltado.

As características descritas acima dependem da genética, ou seja, muitos de nós mesmo que nos esforcemos ao máximo não chegaremos ao ponto de sermos confundidos com modelos de passarela.

Frustrante? Não precisa ser! Precisamos direcionar nossos olhos para nós e enxergar honestamente nossa beleza individual e exaltar nossas qualidades.

Mas do que isso! É preciso exercitar o senso crítico, principalmente para as meninas adolescentes, com o que vemos e lemos. As redes sociais estão aí com pessoas dizendo o que é belo e louvável aos olhos de todos. A blogueira fitness Gabriela Pugliesi sem sombra de dúvidas exerce muita influência com sua forma de se alimentar e praticar exercício. E ao estimular as mulheres a tirarem fotos nuas (em 2015) para postar em redes sociais “caso falhassem na dieta”, como uma forma de castigo, estamos vendo atitudes de transtorno alimentares e de imagem sendo ditas sem o menor pudor.

Alguma dúvida de que teve mulheres fazendo isso? Eu não.

Agora é que entra a crítica!

Quantas fotos uma pessoa tem que tirar para ela ficar bonita? Será que todas as fotos que ela tira tem o belo rosto? Os posts de comida e exercício físico são patrocinados? Será que usaram photoshop nessa foto?

Esse tipo postagem diminui minha autoestima ? O que posso fazer para me sentir bem com meu corpo?
Bulimia definitivamente não é o caminho para estabelecer uma boa relação com o próprio corpo. É possível mudar práticas alimentares, iniciar algum tipo de exercício físico, adequar o guarda-roupa ao seu estilo, fazer terapia e aumentar seu ciclo de amigos, essas são práticas que podem fazer você se sentir bem e que não estão ligadas ao padrão de beleza. Lembre-se sempre do autorespeito, ele te guiará para saber se o que você está fazendo está num caminho saudável ou não…

Beijos e até a próxima!

_________

*Joseane Bessa – Sonhadora, estudante de nutrição e determinada. Negra, crespa, paulistana com coração de baiana, fascinada com a interação da psicologia e da nutrição. Ama comer e é apaixonada por bolo de prestígio. Escreve no seu blog www.gostoleve.com