Não é da sua conta!

* Por Juliana Baron

 

Até hoje, o meu texto mais acessado aqui no blog, é o “Cada um no seu quadrado, no qual eu comento a importância de se preocupar com a sua própria vida, ao invés de cuidar da vida dos outros. Então, pensando sobre esse assunto, senti vontade de falar sobre o outro lado, sobre quem recebe essa intromissão não solicitada.

Quem nunca recebeu um conselho, uma dica, uma ajuda, sem sequer ter se dirigido àquele que lhe ofereceu a “cortesia”?

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Às vezes, eu me pego pensando o porquê que as pessoas (incluindo eu mesma) sentem essa necessidade de se manifestar em relação à vida do outro. Será que é uma compensação por aquilo que elas mesmas não fazem com as suas próprias vidas?

 

Não sou hipócrita, porque como mesmo já admiti, em alguns casos eu também me coço querendo dizer só “uma coisinha”. Quantas vezes conheço alguém que, aparentemente, está passando pela “mesma” situação que eu já passei, e fico com vontade de lhe dar apenas um conselho… Por isso, antes de julgar essa atitude do outro que vem se meter na minha vida, o que acredito que ocorre até por um hábito ou por outros motivos que a psicologia explica, começo limpando a minha própria vidraça e capinando o meu próprio terreno.

 

Porém, todavia, entretanto, não é porque eu também sinto esse desejo de me expressar (mais sinto do que faço, efetivamente), de expor o meu ponto de vista em relação à vida do outro, que vou admitir que terceiros se intrometam nas minhas questões. Como diz um professor meu, não caiamos no relativismo. Por mais que eu compreenda essa “necessidade”, não serei passiva diante dessa ingerência.

 

Olhando ao meu redor, vejo que o mundo está repleto de pessoas que precisam falar, dar a sua opinião, oferecer a sua contribuição. Precisam falar e falar, muitas vezes, creio eu, porque não aguentam o silêncio e nem ouvir o que a sua consciência tem a lhes dizer. Então, já que não dão conta de lidar com as suas inquietudes, o que fazem? Resolvem a dos outros. Ou pelo menos pensam que resolvem. Dão a sua opinião porque o mundo hoje permite e incentiva a expressão. E isso até seria bom, se fosse canalizado para soluções, como opiniões casadas com ideias para a resolução de problemas. Porque tem coisa mais chata do que alguém que só aponta problemas e fala e fala e fala sobre eles?

 

O contrário são as pessoas que te acrescentam. Sim, aquelas para quem você corre quando precisa de uma opinião, mesmo. Um olhar de fora, que por mais implicado que seja, já que tudo o que falamos passa pela janela da nossa própria vivência, é uma visão diferente da sua. Sim, apesar de eu criticar os comentários forasteiros, também acredito na importância de se receber uma palavra ou compartilhar da sabedoria e da experiência de alguém.

 

Já que eu critiquei o simples apontamento de problemas, venho trazer o remédio que eu uso para esses casos. Como enxeridos existirão para toda a eternidade, penso que mais importante do que identifica-los, é saber como lidar com eles. Na maioria dos casos, acredito que uma simples ignorada ou uma cara de egípcia, como diria o saudoso Félix, já bastem, mas para os mais insistentes e cansativos, um “Não é da sua conta” também pode funcionar. Claro que eu não quero incentivar ninguém a ser indelicado, mas acredite, a intromissão do outro naquilo que não lhe pertence é uma agressão muito maior do que você dizer algo como “Não estou falando com você”.

Certa vez coloquei na página do meu blog um texto sobre isso e ele repercutiu bastante. Entendi ali que, realmente, as pessoas estão de saco cheio daqueles que metem o nariz onde não foram chamados.

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Vamos praticar?

Repita comigo: “Isso não é da sua conta!”.

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Baron* Juliana Baron Pinheiro: casada, mãe, mulher, filha, irmã, amiga, formada em Direito, aspirante à escritora, blogueira e finalmente, estudante de Psicologia. Descobriu no ano passado, com psicólogos e um processo revelador de coaching, que viveu sua vida inteira num cochilo psíquico. Iniciou uma graduação para compartilhar com os outros a maravilha da autodescoberta e que acabamos buscando aquilo que já somos. Lançou seu blog “Psicologando – Vamos refletir?” (www.blogpsicologando.com), com textos que retratam comportamentos e sua caminhada no curso de Psicologia.