A farsa da timidez
No consultório de psicologia atendo muita gente tímida. Depois de ter “curado” a mim mesmo cheguei a uma visão peculiar sobre a timidez: ela é uma farsa.
O tímido é um ser enclausurado em sua masmorra ideal.
Todo tímido vai alegar que estou maluco e que se sentem frágeis perante esse mundo selvagem. Balela. Ele sofre porque não consegue ter o mesmo desempenho social do bonitão da turma.
Se ressente por estar sempre excluído do contexto dos poderosos.
Já viu aquela criança que não pode jogar bola com os amigos mais velhos e por isso fica no canto emburrada? A timidez é isso, a recusa em participar dos jogos da vida.
Perfeccionista, o tímido prefere anular a si mesmo a ter que se expor e com isso arriscar sua imagem indefectível. Antes a nulidade do que o ridículo, ele pensa.
Seu retraimento não é fruto de insegurança (outro mito), mas de rigidez de personalidade. Dá a si mesmo um excesso de importância. Não quebra regras, cria barreiras e idealiza seu próprio desempenho social.
“Não falo enquanto não tenha anda realmente útil a dizer”, resultado, nunca abre a boca. Pois ele não quer apenas falar, ele quer impressionar, causar um impacto definitivo no seu ouvinte, arrasar corações.
Há muita prepotência por trás da timidez.
Todo tímido é um exibicionista enrustido. Notem que a maior parte dos artistas se considera um tímido ou ex-tímido. Nos bastidores da timidez há uma faceta ávida por mostrar-se plena e vitoriosa ao olhar público. O sonho secreto do tímido é de uma admiração unânime pois gostaria de ser reconhecido pela excelência naquilo que faz.
Se obtiver sucesso, ao longo do tempo a timidez dará lugar a um comportamento exaltado.
Resumindo, para escapar da vaidade que lhe corrói o tímido prefere o anonimato à realidade…
Saídas? Muitas, mas elas estão longe de suas mãos tão viciadas em apenas receber atenção, ao invés de dar.
_____________________________________
Outros textos relacionados