Viva com leveza

Por uma vida com mais leveza

* Por Frederico Mattos

Não consigo achar uma característica mais negativa na vida do que a necessidade de se fazer respeitar. Pense comigo no atropelo que isso representa na vida cotidiana.

O sujeito passa horas do seu dia e da sua semana dedicado a escrever ou produzir coisas que ele chama de trabalho para produzir um relatório incrível que durará menos de uma hora para ser apresentado, aplaudido e esquecido no mar de procedimentos organizacionais. Muito bem, ele recebeu o seu bônus. No dia seguinte à corrida será a mesma.

Mas se engana quem pensa que isso é uma maldição exclusiva da modernidade, os carpinteiros e poetas passavam pelo mesmo na idade média. Cada produção era uma alegria que se despedaçava após a primeira emoção do cliente. Tudo já nasce póstumo.

Então, leitor querido, toda tentativa de chafurdar sua própria importância na seriedade excessiva que se dá a si mesmo será um trabalho em vão.

Na mitologia, o pobre Sisifo já tinha entendido que mesmo que carregasse sua pedra montanha acima teria que recomeçar o trabalho novamente a cada novo sucesso.

Nossa natureza é intrinsecamente transitória, nossas emoções são como crianças que trocam de brinquedo com muita facilidade. Ser fiel ao seu disco do Pink Floyd, sua cor favorita, seu prato predileto é só a mesma tentativa desesperado que todos se valem para ter alguma sensação de previsibilidade de si mesmos.

Tememos trair os nossos gostos e nos culpamos com facilidade ao achar o vermelho mais bonito que o azul.
Essa seriedade excessiva é o que nos faz adoecer, esbravejar com a vida, travar guerras com nossos medos e não admitir que mudamos o tempo todo.
Já vi sujeito brigar com unhas e dentes por uma ideia que abandonou no minuto seguinte. Não teve a humildade de abandonar o barco furado só porque o tinha chamado de seu. Essa teimosia que se divulga orgulhosa é o que nos mata antes do tempo e tira a alegria dos minutos cotidianos.

Se levássemos a vida mais parecida com um bobo da corte não teríamos tanto azedume, chatice e fofoca no mundo. Tudo seria menos sólido do que pensamos.
Gosto de uma prática que monges budistas exercem há milênios, eles preenchem uma mandala com suas areias coloridas durante dias seguidos par sentai lançar tudo ao vento e assim exercitar a impermanência.

É válido recordar que aquilo que não sai do trono é ditadura, ela não é boa nem na política e nem na vida íntima.

Quantas vezes você já não trombou com seu ditador interno cobrando coerência e seriedade sua?
Relaxe um pouco, amadurecer é também deixar-se soltar e rir de sua própria estupidez…

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana. Oferece treinamentos online de “Como salvar seu relacionamento” e “Como decifrar pessoas” No Youtube seu canal é o SOBRE A VIDA [clique aqui] No twitter é @fredmattos e no instagram http://instagram.com/fredmattos – Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094