Por que aceitamos os bebês e odiamos os adultos?
“O dia que ele parar de beber talvez eu dê uma segunda chance!”
Você já ouviu isso de alguém?
Nada contra e nem a favor de quem bebe ou decide ficar ao lado de alguém que bebe. A questão que quero discutir não é essa.
Mas, até que ponto devemos colocar condições para gostar de uma pessoa ou ficar com ela?
Fazemos uma grande confusão nesse assunto.
Aceitação = ser conivente = humilhação (feito de bobo).
Aceitar uma pessoa é não oferecer obstáculos entre você ela. É um exercício de olhar a pessoa na sua pureza essencial, assim como olhamos um bebê.
Porque nossa capacidade de aceitação com um recém-nascido é incondicional? Já pensou nisso?
Imagine a cena: você vai visitar um amigo com um filho que acabou de nascer. Ao olhar a criança você diz: não gostei de você, tá muito folgado nessa fralda aí!
Cena bizarra!
Na medida que a criança aumenta de tamanho exigimos gradualmente mais dela. É como se aquele punhado de células fosse tendo mais responsabilidade à medida que se multiplica ano a ano. Estranho não?
“Ela tem que se comportar depois de tudo o que aprendeu”, rebateriam alguns.
Será que tem? Ou será que é você que acha que tem?
As pessoas adultas, assim como os bebês são o que são. A diferença é que vemos o bebê como uma tela em branco desprovida de vontade própria e por isso esperamos deles quase nada. Podemos fantasiar tudo e ter aquela sensação de que aquela criança será o que quiser ser, pura liberdade.
Com os adultos mudamos a postura, nos decepcionamos com os caminhos que tomaram. Fantasiamos que deveriam ter feito ou sido isso ou aquilo, restringimos em nosso olhar a capacidade de vê-lo diferente.
Nosso olhar se acostuma com cada gesto. “Sei muito bem o que quer dizer essa cara!”.
Sabe nada! Você acha que sabe, deduz tudo de maneira ilusória. Na verdade, você não quer que os outros mudem, talvez isso te dê segurança e uma sensação de previsibilidade confortável.
Se uma pessoa mudasse a todo momento você diria que ela é maldosa, falsa ou esquizofrênica. Aquele olhar desprendido e incondicional que temos ao olhar uma criança se perde com o passar dos anos.
Você adora ver segundas intenções em tudo! Segundas intenções ou SUAS intenções?
Quando você coloca barreiras sobre os outros está construindo obstáculos em seu próprio olhar. Delimita o que pode ver ou não em sua própria personalidade. E ainda chama isso de moralidade.
Quando você aceita os outros em sua condição essencial também está aberto para si mesmo. Quando aceita a si como é abre caminho, quando não aceita, fecha.
A pergunta é, você quer seu caminho em direção aos outros livre ou bloqueado?
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