De mãe para filha(o)

*Por Josi Bessa, nutrição

Há um legado de coisas que as mães podem passar para seus filhos ou para suas filhas, sejam elas boas ou ruins. E na categoria ruim a insatisfação corporal pode estar presente. A mãe quando tem questões mal resolvidas com seu corpo ou com a comida pode transmitir essa situação incomoda para seus filhos.

Lembro-me de assistir a cena de um filme mexicano (não lembro o nome), onde o tema era “transtorno alimentar”. A cena em questão mostrava uma mãe super preocupada com o peso da filha e que levava a menina sempre ao médico e a impedia de comer doces, então o médico desconfiou da obsessão da mãe pela saúde da filha e descobriu que quem precisava de ajuda era a mãe, que estava com anorexia.

As mães sem perceber podem disseminar para seus filhos ideias que são mais incômodas para ela do que para a criança em si. Porém as crianças querem corresponder à expectativa dos pais para se sentirem amadas, logo é fácil imaginar a criança ou adolescente tentando se moldar as exigências da mãe.

Nesse cenário é comum surgir o quadro de transtorno alimentar, como anorexia, bulimia e compulsão alimentar numa tentativa desesperada para cumprir o ideal da figura materna.

“Meu corpo era tão lindo, mas depois da gravidez ficou horrível. Minha filha estragou meu corpo.”

Uma frase dessa foi dita durante um atendimento ambulatorial que presenciei. A mãe disse isso na frente da própria filha e imediatamente pude ver o rosto de tristeza da criança.

Dizer frases como essa ou tentar colocar sua filha ou seu filho dentro de um padrão de beleza pode machucar a pessoa que, provavelmente, você mais ama no mundo.

Lembre-se: magreza não é sinal de saúde!

Trabalhe suas questões internas referentes ao seu corpo e a comida. Tenha em mente que existe uma diversidade de belos corpos e rostos, não é preciso ser igual a modelo da passarela. Aceite e elogie verdadeiramente seu filho, e esse elogio nem sempre precisa ser relacionado à beleza, principalmente se você tiver uma filha.

“Josi, mas se a criança tiver problema de saúde por conta do excesso de peso?”

Bem, é possível fazer associações positivas, como “Vamos aprender dança de salão?” “Vamos ao parque brincar?” “Vamos preparar uma salada, peguei a receita na internet e parece ser muito saborosa”.

Não precisa focar exatamente no peso. É possível ter uma vida saudável sem estresses e de uma forma tranquila e feliz.

Por fim, mães tenham compaixão pelas suas dores (se julgar necessário procure ajuda) e amem seus filhos, além do padrão de beleza.

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*Joseane Bessa – Sonhadora, estudante de nutrição e determinada. Negra, crespa, paulistana com coração de baiana, fascinada com a interação da psicologia e da nutrição. Ama comer e é apaixonada por bolo de prestígio. Escreve no seu blog www.gostoleve.com