Eu sou maluco? – Síndrome do Pânico

Imagine que você está na rua e de repente tem uma sensação súbita de aceleração mental, batimento do coração acelerado, mão suando frio, e parece que está emparedado em si mesmo com vontade de correr e com medo de morrer.

Queda no escuro...

 

Essa é a descrição de um Ataque de Pânico. Uma sensação súbita e repentina de perda de controle psicológico, não é um medo exagerado, mas uma sensação devastadora de agitação emocional. Esse episódio isolado dura de 3 a 10 minutos no máximo, no entanto, ouço relatos como se tivessem durado meia a uma hora.

Esse episódio causa um profundo incômodo que o deixa estafado por horas. Você pode ter uma culpa tremenda e esconder dos outros ou sair alarmando que quase desmaiou, enlouqueceu ou morreu.

Passado um tempo você começa a ter medo de ter aquela sensação novamente. Esse medo pode disparar um novo Ataque de Pânico, agora ela está numa fila de banco, jamais irá ficar numa fila de banco novamente. Se tem um novo Ataque no supermercado esse lugar é tirado da lista de lugares para se frequentar. E assim sucessivamente até que a pessoa se vê isolada em casa, longe de tudo e de todos. O Transtorno (ou Síndrome) do Pânico se instalou e possivelmente terá paralisado boa parte da vida útil da pessoa.

Importante lembrar que a procura do médico psiquiatra é essencial associado com um processo psicoterapêutico.

Agora qual a dinâmica da personalidade de quem tem Síndrome do Pânico?

Esse é um quadro de ansiedade que fundamentalmente é uma tentativa de controle do ambiente e das pessoas. É como se ela buscasse a tranquildade e diminuição de angústia tentando controlar tudo à sua volta.

Como controlar a a realidade? Seria uma babá que tenta cuidar de 50 crianças simultaneamente.

Essa é a tentativa mais infrutífera que se pode ter. Tente enumerar o que você teria que manter sob pulso forte:

  • O pensamento, o sentimento, o comportamento dos outros.
  • Suas próprias reações frente essas impressões.
  • A repercussão do que você fez sobre os outros.
  • O impacto de longo prazo.
  • A memórias que ficaram do que você fez e os outros.
  • Manter cada coisa no lugar que você gostaria.
  • Manter isso com uma frequência constante.
  • Controlar cada variável ao longo do tempo.

Notem a quantidade de caos, desordem e descontrole existe em tantos aspectos envolvidos minuto a minuto.

Essa personalidade tem uma tendência a querer prever e driblar a opinião dos outros sobre si. Com isso poderá ser submissa e servil, incapaz de dizer não para quem quer que seja. Por desejo de agradar, ser amada e querida ela se dispõe a ceder todos os seus direitos nas mãos dos outros. Costuma não pensar em si mesma e se dedica até a exaustão pelas pessoas.

Desenvolvem uma personalidade recatada, reprimida por demandas externas. Acaba perdendo sua personalidade própria. Quase como um fazendeiro que cercou muitos gados que em dado momento queriam espaço. Uma vez que eles romperam o cercado dificilmente voltarão.

É isso que acontece com o corpo da pessoa com Síndrome do Pânico. Ele vem sinalizar um desejo por liberdade existencial. Ainda que se possa dizer o contrário, me parece que os quadros que já presenciei sempre apontavam na direção de uma vida mais expansiva e menos fechada.

O corpo cria um manifesto de liberdade, uma rebelião que tem a adrenalina como aliada para que finalmente a pessoa se dê o direito de ser a si mesma. Conhecer os próprios potenciais e limites.

O Pânico irá ajudar na retomada de si mesmo, firme consigo e com os outros sem ser repressiva. Além disso perceber que não tem controle sobre nada e que pode usufruir da vida e rir dos próprios fracassos.

Não existe amigo mais leal do que aquele que inspira o nosso melhor, porque não dizer que o Pânico é esse tipo de amigo, terrível mas leal.

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About the author

Sonhador nato, psicólogo provocador, apaixonado convicto, escritor de "Como se libertar do ex" e empresário. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas medita, faz dança de salão e lava pratos.

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