Carta para uma suicida – dia #5 [família]

Sobre a família

*Frederico Mattos, psicólogo clínico e escritor

Família é esse lugar cheio de gente tão sofrida e estranha que chamamos de lar. É preciso ter uma certa reserva ao criticar ou endeusar a família, afinal são antes de tudo pessoas.

Minha família é muito pequena, sempre invejei aquelas famílias enormes que falam alto e comem ruidosamente. Hoje tenho minhas reservas sobre esse modelo, não que elas não tenham sua dose de poesia, mas parece haver um custo muito alto para essa engrenagem à moda italiana seguir operando de um jeito saudável.

A forma como as famílias amam parece se nutrir de pouco oxigênio. Ter muito espaço parece criar ameaça, para garantir o amor as pessoas se sufocam, dão o que não tem e exigem o que não é possível. Se uma pessoa quer seguir carreira solo na família, fazer escolhas atípicas ou que quebrem o protocolo familiar causa um pandemônio.

O amor familiar carece de diversidade e generosidade genuína para apoiar as vidas independentes de seus próprios gostos. Tenho uma pessoa na família que é homossexual, ela não é muito bem tratada pelos pais, noto com certa tristeza que a impossibilidade de haver uma troca genuína porque uma parte desaponta a outra.

A família deveria parecer mais um celeiro de startups, um espaço para viver, interagir, amar e acima de tudo libertar. É bonito dizer que os filhos são do mundo, mas a realidade é que os pais criam os filhos como serviçais de seus mimos.

Os pais são crianças crescidas, é preciso ter clareza que idade não define maturidade é que muitos pais projetam nos filhos a realização de suas frustrações. Isso está longe de ser amor. Reconhecer esse egoísmo dos pais é fundamental para dar a si mesmo uma carta de alforria.

O ciclo da vida é lógico, os pais dão, os filhos recebem e passam a diante, para seus filhos, alunos, amigos, ONG’s, para a próxima geração. Mas quando os filhos são hipnotizados pela lenda de devolver o que receberam para seus pais o resultado é que todos ficam mofando juntos nessa bolha de cegueira “amorosa”.

A família é uma catapulta, se ela não lançou suas crias para o mundo então não deixou o seu legado de amor de povoar o mundo com diversidade. Se alguém quiser ser digno de sua própria família precisa passar o presente que recebeu dela em frente. Beneficiar o mundo com o amor que se recebeu…

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1. Sobre o suicídio
2. Sobre o sofrimento
3. Sobre a vida
4. Sobre o amor
5. Sobre a família
6. Sobre solidão
7. Sobre relacionamentos amorosos
8. Sobre ser filho
9. Sobre ser mãe
10. Sobre ser pai
11. Sobre a morte
12. Sobre Deus
13. Sobre doenças
14. Sobre dinheiro
15. Sobre desejo
16. Sobre emoções
17. Sobre motivação
18. Sobre estar perdido
19. Sobre alternativas
20. Sobre dever e obrigações
21. Sobre amizades
22. Sobre fé
23. Sobre traumas
24. Sobre remédios psiquiátricos
25. Sobre dependência emocional
26. Sobre beleza
27. Sobre Justiça
28. Sobre merecimento
29. Sobre perdão
30. Sobre recomeço
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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094