Carta para uma suicida – dia #18 [sobre estar perdido]

Sobre estar perdido

*Por Frederico Mattos

Acho tão bonitinho quando vejo as pessoas super decididas e certas do que fazer na vida. As vezes parece bem legar saber como será o dia de amanhã, dá uma sensação de aparente controle.

Mas a verdade é que ninguém tem muita certeza, lá no fundo, para onde está seguindo, todos sabem que vão bater as botas um dia. Enquanto esse destino fatal não chega elas colocam objetivos provisórios para seguir sorrindo e contando o que está planejando.

Estamos todos perdidos, você está perdida (e admite isso), eu estou perdido (e admito isso), mas a maior parte das pessoas sequer se dá conta de que está batendo cabeça pela vida. Elas pagam contas, prestações, namoram, casam, tem filhos, é verdade, mas na verdade, se você for lá, olhar nos olhos dela e apertar elas vão chorar e correr para um canto. Estamos todos no mesmo barco, imaginando que o vizinho parece mais legal e mais cheiroso. Ele pode ser, mas também está perdido.

Estar perdido não quer dizer estar triste ou batendo a cabeça, mas é fundamentalmente não ter muita certeza, ainda que se queira usar explicações metafísicas para isso. Ainda assim é só uma convicção, não é possível garantir nada, é uma aposta.

Isso tem uma beleza, exatamente porque não temos muita certeza, podemos inventá-las, é um papel em branco, não há como errar. O papel (sua vida) está lá esperando para que você encontre um destino provisório. Inclusive é possível sorrir nessa incerteza, não é preciso estar amargurado.

Se alguém diz que deve estar rolando uma vida incrível lá do outro lado do mundo duvide, a festa está rolando, mas a pessoa está perdida e sem garantias, como você e eu. É possível fazer festa enquanto não sabemos muito bem o que está acontecendo, ou um velório, você escolhe. Eu escolho regar minhas plantas, lavar pratos, fazer cafuné no meu gato e comer chocolate. Vamos levando, sem pressão, sem achar que precisa ser incrível, lembre, vida possível.

Inclusive esse texto, não precisa fazer sentido, nem ter conclusão, nem insight.

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1. Sobre o suicídio
2. Sobre o sofrimento
3. Sobre a vida
4. Sobre o amor
5. Sobre a família
6. Sobre solidão
7. Sobre relacionamentos amorosos
8. Sobre ser filho
9. Sobre ser mãe
10. Sobre ser pai
11. Sobre a morte
12. Sobre Deus
13. Sobre doenças
14. Sobre dinheiro
15. Sobre desejo
16. Sobre emoções
17. Sobre motivação
18. Sobre estar perdido
19. Sobre alternativas
20. Sobre dever e obrigações
21. Sobre amizades
22. Sobre fé
23. Sobre traumas
24. Sobre remédios psiquiátricos
25. Sobre dependência emocional
26. Sobre beleza
27. Sobre Justiça
28. Sobre merecimento
29. Sobre perdão
30. Sobre recomeço

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* Frederico Mattos: Sonhador nato, psicólogo provocador, autor dos livros Relacionamento para leigos (série For Dummies)[clique], Como se libertar do ex [clique aqui para comprar] e Mães que amam demais. Adora contar e ouvir histórias de vida. Nas demais horas cultiva um bonsai, lava pratos e se aconchega nos braços do seu amor, Juliana.

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Frederico A. S. O. Mattos CRP 06/77094